Nova Guerra Tarifária entre EUA e China Altera Dinâmica do Comércio Internacional
- Editorial O Bahia Post
- 4 de fev.
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BRASÍLIA/PEQUIM, 4 de fevereiro - A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 10% sobre todas as importações chinesas, somada à sua demonstrada falta de urgência em dialogar com o presidente Xi Jinping, marca um novo capítulo nas relações comerciais globais. A China respondeu com medidas moderadas, sinalizando disposição para negociações.
A resposta calculada de Pequim às tarifas americanas, que afetam US$ 450 bilhões em produtos chineses, demonstra uma abordagem estratégica que pode ter reflexos significativos no comércio mundial. As contramedidas chinesas, estimadas em US$ 20 bilhões em importações anuais dos EUA, incluem setores estratégicos como energia e tecnologia.
Medidas e Contramedidas
As ações chinesas, implementadas em resposta às tarifas americanas, compreendem:
Tarifa de 15% sobre importações de carvão e GNL americanos
Imposição de 10% sobre petróleo bruto e equipamentos agrícolas
Investigação antimonopólio sobre o Google
Controles de exportação sobre metais estratégicos, incluindo tungstênio
Impactos no Cenário Global
A atual situação apresenta paralelos com negociações recentes bem-sucedidas entre EUA, México e Canadá, que resultaram na suspensão de tarifas de 25% mediante compromissos específicos. Este precedente sugere possíveis caminhos para resolução de conflitos comerciais através de negociações bilaterais.
A Capital Economics, em sua análise das medidas chinesas, destaca que "as medidas são bastante modestas, ao menos em relação às ações dos EUA, e foram calibradas para enviar uma mensagem aos Estados Unidos", conforme avaliação de Julian Evans-Pritchard, economista-chefe da instituição para a China.
Perspectivas e Desdobramentos
A Oxford Economics já indica uma revisão nas projeções de crescimento econômico chinês, alertando que a guerra comercial está em seus estágios iniciais. O analista Gary Ng, da Natixis em Hong Kong, observa que "mesmo que os dois países cheguem a um acordo sobre algumas questões, é possível ver tarifas sendo usadas como uma ferramenta recorrente".
A União Europeia, por sua vez, prepara-se para possíveis impactos, com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sinalizando abertura para negociações, embora mantendo postura firme na defesa dos interesses europeus.
Cenário Comercial em Transformação
As tensões comerciais entre EUA e China ocorrem em um momento de reorganização das relações comerciais globais. A suspensão temporária das tarifas americanas sobre México e Canadá, mediante acordos específicos, demonstra a possibilidade de soluções negociadas, mesmo em cenários de alta tensão.
O chefe comercial da UE, Maros Sefcovic, enfatiza a importância do "engajamento e discussão construtivos" para resolução de disputas comerciais, indicando uma preferência global por soluções diplomáticas em meio às tensões.
Considerações Finais
A atual configuração do comércio internacional, marcada por novas tarifas e medidas retaliatórias, indica uma fase de ajustes nas relações comerciais globais. A moderação da resposta chinesa, combinada com precedentes recentes de acordos com México e Canadá, sugere espaço para negociações, apesar das tensões elevadas.
Os desdobramentos desta situação continuarão influenciando os fluxos comerciais globais, com impactos potenciais para diversos mercados e regiões. A evolução das negociações entre EUA e China, assim como possíveis desenvolvimentos com a União Europeia, serão determinantes para o cenário comercial internacional nos próximos meses.