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Operação Falsas Promessas 2 Prende 22 na Bahia por Rifas Ilegais

Mais de R$ 500 milhões movimentados, com cinco PMs entre detidos por lavagem de dinheiro em esquema sofisticado.


Franklin Reis e amigos influencers. | Reprodução
Franklin Reis e amigos influencers. | Reprodução

Salvador, 09/04/2025 – A Polícia Civil da Bahia deflagrou na manhã desta quarta-feira a Operação Falsas Promessas 2, uma ofensiva que resultou no cumprimento de 22 mandados de prisão preventiva, 30 mandados de busca e apreensão e seis medidas cautelares diversas da prisão, desmantelando uma organização criminosa especializada em rifas ilegais e lavagem de dinheiro.


Entre os detidos estão cinco policiais militares da ativa, além de figuras conhecidas como Nanan Premiações, Gabriela Silva, Ramhon Dias, Franklin Reis, Jhones Rifas e Alexandre Tchaca Tchaca, apontados como operadores de um esquema que movimentou milhões de reais por meio de sorteios fraudulentos divulgados nas redes sociais.


A ação abrangeu Salvador, a Região Metropolitana (RMS), São Felipe, Vera Cruz, Juazeiro e Nazaré, com um dos suspeitos capturado em São Paulo.


A operação, coordenada pelo Departamento de Repressão e Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (Draco-LD), mobilizou cerca de 300 policiais em diversas cidades da Bahia e contou com apoio das polícias civis de São Paulo, Goiás e Ceará.


Quatro dos presos foram identificados como lideranças do grupo, detidos em Vera Cruz, Juazeiro e na RMS, enquanto um quinto integrante, capturado em São Paulo, exercia um papel central na coordenação das atividades ilícitas.


As investigações, que se estenderam por mais de um ano, revelaram uma estrutura sofisticada de transações financeiras, utilizando empresas de fachada e pessoas interpostas para ocultar a origem dos recursos obtidos com as rifas.


O esquema funcionava com a promoção de rifas de baixo custo, anunciadas como “rifas de centavos”, que ofereciam prêmios de alto valor, como carros de luxo, motos e quantias em dinheiro.


Divulgadas amplamente em plataformas como Instagram e WhatsApp, as rifas atraíam milhares de participantes com promessas de ganhos fáceis. No entanto, os sorteios eram manipulados, e os prêmios, frequentemente entregues a membros da própria organização, serviam para dar uma aparência de legitimidade ao sistema e maximizar os lucros.


A polícia estima que o grupo tenha movimentado cifras na casa das centenas de milhões de reais, um montante que ecoa os R$ 500 milhões apurados na primeira fase da Operação Falsas Promessas, em setembro de 2024.


Entre os detidos, destaca-se a presença de policiais militares da ativa e ex-PMs, que desempenhavam papéis variados no esquema. Alguns ofereciam proteção ao grupo, utilizando sua autoridade para evitar fiscalizações ou represálias, enquanto outros forneciam informações privilegiadas sobre operações policiais.


Há indícios de que certos PMs atuavam diretamente como operadores das rifas, organizando sorteios e gerenciando a distribuição de lucros. A participação de agentes da segurança pública intensificou a gravidade do caso, levantando questões sobre a integridade institucional e a necessidade de reformas no controle interno da corporação.


A operação teve início nas primeiras horas da manhã, com equipes cumprindo mandados em residências, empresas e condomínios de luxo, como um localizado na Estrada do Coco, na RMS, onde um casal de rifeiros foi preso.


Entre os itens apreendidos estão veículos de luxo, incluindo um carro avaliado em R$ 300 mil, além de armas de fogo, munições, celulares, relógios de grife e dinheiro em espécie. Em Juazeiro, no norte do estado, um dos líderes foi detido em uma casa que servia como base para a logística do esquema, enquanto em Vera Cruz, na Ilha de Itaparica, outro suspeito foi capturado com documentos que detalham transações financeiras suspeitas.


A prisão em São Paulo, de um integrante que articulava parcerias interestaduais, evidencia a extensão da rede criminosa.


A primeira fase da Operação Falsas Promessas, deflagrada em setembro de 2024, já havia resultado na prisão de 19 pessoas, incluindo Ramhon Dias e Nanan Premiações, que foram soltos posteriormente por decisões judiciais.


A reincidência de nomes como esses na segunda fase sugere que o grupo manteve atividades mesmo sob investigação, adaptando-se para evitar novas capturas.


Na ocasião, a polícia apreendeu 40 veículos, lanchas e motos aquáticas, além de itens de luxo como um relógio cravejado de diamantes e um tênis de R$ 17 mil, apontando para um padrão de ostentação incompatível com as rendas declaradas dos suspeitos.


A movimentação de R$ 500 milhões foi atribuída à lavagem de dinheiro do tráfico de drogas, mas a fase atual amplia o escopo, focando nas rifas como principal fonte de receita ilícita.


O modus operandi do grupo era sofisticado. Empresas de fachada, muitas registradas em nome de laranjas, eram usadas para emitir notas fiscais falsas e justificar a entrada de grandes quantias em contas bancárias.


Pessoas interpostas, como familiares ou amigos dos líderes, apareciam como supostos ganhadores dos sorteios, recebendo prêmios que, na realidade, permaneciam sob controle da organização. As redes sociais desempenhavam um papel crucial, com influenciadores como Ramhon Dias, que já teve 447 mil seguidores no Instagram, e Nanan Premiações, com mais de 1 milhão, amplificando o alcance das rifas.


A presença de policiais no esquema gerou reações imediatas. A Polícia Militar da Bahia informou que abrirá procedimentos administrativos para investigar os cinco PMs detidos, todos da ativa, e que colabora com a Polícia Civil no fornecimento de dados.


O comando da corporação não detalhou os nomes ou patentes dos envolvidos, mas fontes extraoficiais sugerem que Alexandre Tchaca Tchaca, conhecido por sua atuação como influenciador digital, está entre os presos. A Corregedoria da PM deve apurar se outros agentes estão ligados ao grupo, ampliando o escopo da investigação interna.


A operação também reflete uma tendência crescente no Brasil: o uso de rifas ilegais como instrumento de lavagem de dinheiro. Em Montes Claros, Minas Gerais, a Operação Castelo de Cartas, deflagrada em março de 2025, apreendeu bens de R$ 2,8 milhões de influenciadores que exploravam sorteios virtuais fraudulentos.


Em São José dos Campos, São Paulo, a Operação Fraude Premiada, em fevereiro, desarticulou um esquema similar, com apreensão de carros de luxo e documentos. Esses casos mostram como as redes sociais se tornaram um terreno fértil para atividades ilícitas, aproveitando a falta de regulação e a dificuldade de fiscalização em tempo real.


O impacto econômico do esquema é significativo. Os lucros das rifas, estimados em milhões, eram reinvestidos em bens de luxo e empresas de fachada, alimentando um ciclo de lavagem que prejudicava participantes enganados e a economia formal.


A polícia bloqueou contas ligadas a 51 CPFs na primeira fase, medida que deve se repetir agora, com o sequestro de bens avaliados em dezenas de milhões de reais. A Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) classificou a operação como um “golpe duro” contra o crime organizado, mas reconheceu que novas ações serão necessárias para coibir a prática.


A Justiça baiana deve realizar audiências de custódia nos próximos dias para avaliar as prisões preventivas. Advogados de defesa, como os que representaram Ramhon Dias na primeira fase, já sinalizam que questionarão a legalidade das detenções, alegando perseguição policial.


A soltura de suspeitos em 2024, como Nanan e Ramhon, por decisões judiciais, sugere que o embate jurídico será intenso. Enquanto isso, a população de Morro de São Paulo, afetada por outro acidente de lancha ontem, observa com ceticismo as promessas de segurança e ordem, em um estado que enfrenta múltiplas crises simultâneas.


A Operação Falsas Promessas 2 expõe as interseções entre crime digital, corrupção e influência social, desafiando as autoridades a adaptarem-se a um cenário em evolução. Para os baianos, o dólar a R$ 5,99 e os problemas locais se somam a um sentimento de vulnerabilidade que a prisão de figuras públicas só amplifica.

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