Rui Costa e Wagner Confirmam Corrida ao Senado em 2026
- Editorial O Bahia Post
- 28 de mai.
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Chapa petista com Jerônimo Rodrigues gera tensão com aliados.

Salvador, 28/05/2025 – O ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o senador Jaques Wagner, ambos do PT, confirmaram suas pré-candidaturas ao Senado pela Bahia nas eleições de 2026, em uma chapa liderada pelo governador Jerônimo Rodrigues, que buscará a reeleição.
A decisão, anunciada em 26 de maio durante entrevista à Rádio Metrópole, reforça uma estratégia petista de consolidar o domínio político no estado, mas provoca atritos com aliados, como o PSD do senador Angelo Coronel, que também pleiteia a reeleição.
Com duas vagas ao Senado em disputa, a proposta de uma chapa “puro-sangue” do PT, com Wagner e Costa, desafia a coalizão governista, que inclui partidos como PSD e MDB.
A movimentação, antecipada a mais de um ano das convenções, reflete tanto a força do PT baiano quanto as tensões internas em um cenário político competitivo.
Jaques Wagner, líder do governo Lula no Senado, foi enfático ao reafirmar sua candidatura à reeleição, negando rumores de que abriria mão em favor de outros nomes ou por pressão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista ao programa Jornal da Bahia no Ar, ele descartou especulações sobre um suposto acordo com o PSD para apoiar Lula em 2026, chamando-as de “plantações” sem fundamento.
Wagner também confirmou o apoio à reeleição de Jerônimo Rodrigues, destacando a gestão do governador como base para a continuidade do projeto petista. “Sou candidato, candidatíssimo, e Jerônimo é o nome para o governo. O resto é mimimi”, afirmou, sinalizando que a chapa majoritária será definida com base na força do PT.
Rui Costa, por sua vez na mesma entrevista, negou intenções de disputar o governo estadual, refutando informações veiculadas recentemente. Ele confirmou sua pré-candidatura ao Senado, alinhando-se a Wagner e Rodrigues. “Nosso candidato a governador é Jerônimo Rodrigues, nosso candidato ao Senado é Jaques Wagner, e eu coloco meu nome à disposição para a outra vaga de senador”, declarou o ministro, que participou por telefone.
Costa elogiou o ritmo da gestão estadual, citando a entrega de 240 escolas, a construção de policlínicas e hospitais, e o avanço do VLT em Salvador. Sua candidatura, vista como natural após dois mandatos como governador (2015-2022), intensifica a disputa por espaço na chapa governista.
A Bahia terá duas vagas ao Senado em 2026, com os mandatos de Wagner e Coronel terminando em dezembro. A decisão do PT de lançar dois candidatos próprios cria um dilema, já que Coronel, do PSD, também busca a reeleição e não demonstra intenção de ceder.
Wagner reconheceu a necessidade de diálogo com aliados, sugerindo que negociações com Coronel e o PSD ocorrerão até o início de 2026. “Eu e Coronel vamos ter que discutir como ajeitamos. Tenho convicção de que, como montamos chapas vitoriosas até agora, vamos equilibrar o jogo”, afirmou.
No entanto, a proposta de uma chapa exclusivamente petista gerou insatisfação no PSD, que considera improvável que o PT ocupe as três principais posições da majoritária (governador e duas vagas ao Senado).
A relação entre Rui Costa e Jaques Wagner, aliados históricos há quatro décadas, mostra sinais de desgaste. Ambos emergiram do Sindicato dos Químicos e Petroleiros de Camaçari, mas divergências recentes, como a escolha de candidatos em 2022 e 2024, expuseram uma “guerra fria” nos bastidores.
Em 2022, Costa planejava renunciar ao governo para concorrer ao Senado, mas Wagner defendeu uma candidatura própria do PT ao governo, resultando na escolha de Jerônimo Rodrigues e no rompimento com o PP, então aliado. Em 2024, Wagner articulou a pré-candidatura de Geraldo Júnior (MDB) à prefeitura de Salvador, enquanto Costa apoiava José Trindade, do Avante. Essas disputas, embora negadas publicamente, alimentam tensões que podem impactar a formação da chapa de 2026.
O PSD, liderado por Otto Alencar, é um aliado estratégico, mas a exclusão de Coronel pode levar a um rompimento. O partido, que comanda ministérios no governo Lula, tem se aproximado da oposição nacionalmente, o que complica as negociações na Bahia.
Coronel, que montou um grupo próprio na Assembleia Legislativa, conhecido como G10, com deputados de PP e PL, busca fortalecer sua posição. A possibilidade de o MDB perder a vaga de vice na chapa, caso uma federação com o Republicanos se confirme, adiciona mais incerteza. Jerônimo Rodrigues, ao ser questionado sobre a chapa, preferiu manter o mistério, enfatizando a necessidade de alinhar os interesses da Bahia com o projeto nacional de Lula.
Pesquisas indicam a força de Costa e Wagner. Um levantamento da Paraná Pesquisas, divulgado em 24 de março de 2025, apontou Rui Costa com 43,8% das intenções de voto para o Senado, seguido por Wagner com 34%, em um cenário estimulado. Angelo Coronel apareceu com 11%, atrás de nomes da oposição, como João Roma (PL, 24,6%) e Raissa Soares (PL, 11,2%).
Esses números sugerem que o PT tem vantagem, mas a exclusão de Coronel pode fragmentar a base aliada, beneficiando adversários. A oposição, liderada por nomes como ACM Neto (União Brasil), ainda não definiu sua chapa, mas deve explorar as tensões na coalizão governista.
A estratégia do PT para 2026 também reflete ambições nacionais. Wagner destacou que Lula será candidato à reeleição, e a força do PT na Bahia é vista como essencial para garantir cadeiras no Senado, que serão cruciais para a governabilidade a partir de 2027.
Costa, frequentemente elogiado por Lula como uma “estrela” do governo, tem usado sua posição na Casa Civil para fortalecer laços com prefeitos baianos, recebendo, em média, um gestor a cada dois dias úteis em 2024. Essa articulação reforça sua influência, mas também alimenta críticas de aliados, que veem um avanço sobre o espaço político de Wagner e Coronel.
Críticos questionam a viabilidade de uma chapa puro-sangue. A história política da Bahia mostra que alianças amplas foram fundamentais para as vitórias do PT desde 2006, quando Wagner derrotou Paulo Souto após uma divisão na base adversária.
Excluir o PSD ou o MDB pode enfraquecer a campanha de Jerônimo, especialmente se a oposição unificar seus esforços. Além disso, a concentração de poder no PT pode alienar eleitores que valorizam a pluralidade da coalizão. A narrativa oficial do partido, que enfatiza unidade, contrasta com as disputas internas, evidenciando a complexidade de equilibrar ambições pessoais e coletivas.
A confirmação das candidaturas de Rui Costa e Jaques Wagner marca o início de uma corrida que testará a coesão da base governista. Com Jerônimo Rodrigues como candidato à reeleição, o PT aposta em sua hegemonia na Bahia, mas precisa navegar pelas tensões com aliados e pela força da oposição.
As negociações até 2026 serão decisivas para definir se a chapa petista manterá sua força ou se as fissuras internas abrirão espaço para uma mudança no cenário político baiano.