Xuxa Usa Brinco com "666" em Lançamento de Projeto Infantil
- Editorial O Bahia Post
- 27 de mar.
- 5 min de leitura
Acessório no Mais Você gera controvérsia em dia de aniversário.

São Paulo, 27 de março de 2025 – Xuxa Meneghel, a icônica “Rainha dos Baixinhos”, lançou nesta quinta-feira seu novo projeto para crianças, “Xuxa Só Para Baixinhos 14”, em uma entrevista no programa Mais Você, da TV Globo.
A apresentadora, que completou 62 anos no mesmo dia, apareceu com brincos dourados exibindo o número “666”, desencadeando uma onda de reações nas redes sociais e acusações de simbolismo inadequado para o público infantil.
A escolha do acessório ofuscou a divulgação do retorno de Xuxa ao universo que a consagrou, reacendendo debates sobre sua imagem pública em um Brasil polarizado.
O “Xuxa Só Para Baixinhos 14” é a mais recente edição de uma série iniciada em 2000, que mistura música, dança e conteúdo educativo para crianças de 0 a 10 anos.
Durante a entrevista com Ana Maria Braga, Xuxa detalhou o projeto, que inclui 12 faixas inéditas e participações de artistas contemporâneos, com lançamento previsto nas plataformas digitais nas próximas semanas.
A apresentadora, vestida com um look moderno, destacou o objetivo de reconectar-se com as gerações que cresceram assistindo-a e alcançar novos públicos. No entanto, os brincos com o número “666” rapidamente desviaram o foco da conversa, gerando especulações sobre seu significado.
Nas redes sociais, a reação foi instantânea. Usuários compartilharam imagens do acessório, descrito como argolas douradas com o número pendurado, e questionaram a escolha.
Um post no X afirmou: “Xuxa na Ana Maria Braga com brinco de ‘666’ lançando o ‘Só Para Baixinhos 14’. Que mensagem é essa?”, enquanto outro sugeriu: “Evangélicos apontam possível alusão ao ‘666’ em brinco de Xuxa.”
A controvérsia ganhou força com comentários como: “Xuxa usa brinco 666 no dia do lançamento de um projeto infantil, isso não combina”, refletindo a percepção de que o número, associado ao “número da besta” no cristianismo, seria incompatível com o público-alvo. A hashtag # Xuxa666 logo entrou nos trending topics no Brasil.
O número “666” carrega um peso simbólico significativo, especialmente entre cristãos evangélicos, que o interpretam como uma referência ao anticristo com base no livro do Apocalipse, capítulo 13.
No Brasil, onde o segmento evangélico representa cerca de 31% da população, segundo o IBGE de 2022, símbolos desse tipo em contextos populares frequentemente geram controvérsia. Xuxa, cuja carreira foi marcada por críticas ocasionais de grupos religiosos – como os boatos de mensagens subliminares nos anos 1990 –, viu o acessório reacender esse tipo de debate em 2025, embora não tenha comentado diretamente a escolha durante a entrevista.
A aparição no Mais Você foi planejada como uma celebração dupla: o lançamento do projeto e o aniversário de Xuxa, nascida em 27 de março de 1963, em Santa Rosa, Rio Grande do Sul.
Ana Maria Braga abriu o programa parabenizando a apresentadora, que acumula mais de 50 milhões de discos vendidos e uma trajetória que a transformou em ícone cultural. Xuxa falou com entusiasmo sobre o “Só Para Baixinhos 14”, descrevendo-o como “um presente para as crianças e os pais que cresceram comigo”.
Ela também anunciou uma turnê nacional para o segundo semestre, mas o foco da audiência rapidamente se voltou para os brincos, que não foram mencionados no diálogo com a apresentadora.
A série “Xuxa Só Para Baixinhos” é um marco na carreira da artista. Lançada em 2000, após anos à frente do “Xou da Xuxa” na Globo, a franquia ganhou dois Latin Grammys e vendeu milhões de cópias, consolidando Xuxa como referência no entretenimento infantil.
O volume 14, produzido pela Som Livre, promete manter a fórmula de músicas animadas e mensagens positivas, com clipes que devem estrear em breve. A volta à Globo, onde ela retornou em 2023 após passagens pela RecordTV, sinaliza uma aposta na nostalgia e na renovação de sua marca, mas a polêmica do brinco colocou esses planos sob um novo escrutínio.
A escolha do acessório pode ser vista como um reflexo da personalidade de Xuxa, conhecida por desafiar convenções ao longo de sua carreira.
Nos anos 1980, seus figurinos ousados no “Xou da Xuxa” já geravam críticas de setores conservadores, enquanto suas posições progressistas, como o apoio a causas LGBTQIA+, a mantiveram em choque com grupos tradicionais.
O “666” poderia ser apenas uma escolha estilística – o número tem sido usado na moda como símbolo de rebeldia ou ironia –, mas, em um projeto infantil, a decisão foi percebida por alguns como desconcertante. Até o momento, sua assessoria limitou-se a dizer que a entrevista foi “um momento de alegria” e que o foco permanece no lançamento.
A controvérsia ocorre em um Brasil onde debates culturais e religiosos ganharam força nos últimos anos. A posse de Donald Trump como presidente dos EUA, em 20 de janeiro de 2025, trouxe um aliado de pautas conservadoras ao cenário global, influenciando discursos no país por meio de apoiadores como os do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Embora não haja conexão direta entre a política americana e a escolha de Xuxa, o clima de polarização amplifica reações a símbolos como o “666”, especialmente entre evangélicos que veem nisso uma afronta aos valores cristãos.
A TV Globo, emissora do Mais Você, não se pronunciou oficialmente sobre o caso, mas historicamente apoia a liberdade artística de seus talentos. A produção do programa destacou a entrevista como um marco no retorno de Xuxa à grade, mas o impacto do brinco dominou a narrativa pública.
Nas redes sociais, fãs defenderam a apresentadora – “Ela é a rainha, usa o que quiser”, escreveu um usuário –, enquanto críticos expressaram desconforto: “Um projeto infantil com ‘666’ no brinco é no mínimo estranho.”
A trajetória de Xuxa é repleta de reinvenções. Após deixar a Globo em 2014, ela passou pela RecordTV, onde apresentou programas como “Xuxa Meneghel”, antes de voltar à emissora original com projetos pontuais.
O “Só Para Baixinhos 14” é seu primeiro grande lançamento infantil em anos, mirando tanto a nostalgia dos anos 1980 quanto uma nova geração de crianças. A Som Livre informou que o álbum será acompanhado de uma campanha robusta, mas o sucesso pode depender de como a apresentadora e sua equipe lidarem com a polêmica atual.
O episódio reflete a capacidade de Xuxa de permanecer relevante, mesmo que por controvérsias. Analistas culturais apontam que ela sempre navegou entre a adoração e a crítica, uma dualidade que a mantém no centro das atenções.
“Xuxa é um ícone que provoca, seja pela roupa, pela fala ou por um brinco”, observa um pesquisador de mídia da USP, que pediu anonimato. “Num país dividido, qualquer gesto dela vira um espelho das tensões sociais.”
Até o fechamento desta matéria, Xuxa não fez declarações adicionais sobre o brinco. O “Xuxa Só Para Baixinhos 14” segue com lançamento marcado, mas a polêmica do “666” já garantiu que o retorno da apresentadora ao universo infantil não passasse despercebido.
Seja por estratégia ou acaso, Xuxa mais uma vez colocou o Brasil para discutir – e assistir – cada passo seu, como fez por mais de quatro décadas.