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Bolsonaro Arrola General Mourão como Testemunha em Caso de Suposto Golpe de 2022

Defesa do ex-presidente cita ex-vice em investigação sobre trama golpista.


Mourão e Bolsonaro | Reprodução
Mourão e Bolsonaro | Reprodução

Brasília, 7 de março de 2025 – A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro arrolou o senador e general da reserva Hamilton Mourão (Republicanos-RS), seu vice entre 2019 e 2022, como testemunha no inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.


A decisão, formalizada em manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta semana, integra a estratégia da equipe de Bolsonaro frente à denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), que o acusa, ao lado de outros 36 nomes, de planejar a derrubada do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além de um atentado contra Lula, o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do STF.


O pedido da defesa, liderada pelo advogado Fabio Wajngarten, foi registrado em 3 de junho de 2024 e inclui Mourão entre 13 testemunhas, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e os senadores Rogério Marinho (PL-RN) e Ciro Nogueira (PP-PI), todos ex-ministros de Bolsonaro. A escolha de Mourão, que durante o governo manteve uma relação marcada por atritos e distanciamentos públicos com o ex-presidente, surpreendeu analistas políticos.


A estratégia parece mirar na imagem de Mourão como figura moderada que rejeitou ações extremas após a derrota eleitoral, buscando enfraquecer a narrativa de que Bolsonaro tinha um plano concreto para subverter a ordem democrática.


O inquérito, conduzido pela Polícia Federal (PF) sob relatoria de Moraes no STF, sustenta que Bolsonaro liderou uma organização criminosa para impedir a posse de Lula, vitorioso nas urnas em 30 de outubro de 2022. A investigação aponta reuniões no Palácio do Planalto e entre militares para discutir medidas como a decretação de um estado de sítio, a prisão de autoridades e a anulação do resultado eleitoral.


Entre as provas estão minutas golpistas encontradas em janeiro de 2023 e depoimentos como o do ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, que confirmou ter sido sondado por Bolsonaro sobre ações para contestar as urnas, embora tenha se recusado a aderir. Mourão, por sua vez, afirmou em entrevistas recentes que não tinha conhecimento de um plano estruturado e que Bolsonaro não lhe deixou orientações específicas ao viajar aos EUA em 30 de dezembro de 2022, quando assumiu interinamente a Presidência até 1º de janeiro de 2023.


A inclusão de Mourão como testemunha levanta dúvidas sobre seu depoimento.


Em 2023, o general declarou publicamente que “Bolsonaro não sabia fazer isso [um golpe]” e que os militares não embarcariam em tal iniciativa, sugerindo que as conversas eram apenas especulações sem desdobramentos práticos. Em dezembro de 2024, ele reconheceu que “houve reuniões” entre oficiais para discutir o tema, mas chamou a trama de “conspiração bem tabajara” que “não levou a nada”. Essa postura ambígua pode ser explorada pela defesa para argumentar que não havia intenção ou capacidade de executar um golpe, mas também coloca Mourão em risco de contradição, já que qualquer revelação comprometedora poderia agravar a situação de Bolsonaro – ou a dele próprio.


A denúncia da PGR, protocolada em 18 de fevereiro de 2025, acusa Bolsonaro de crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. As evidências incluem mensagens de celular, a delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid – que detalhou reuniões com militares e civis para planejar atos golpistas – e o indiciamento de figuras como o general Walter Braga Netto, preso em 14 de dezembro de 2024 por tentar obstruir as investigações. Mourão, que não foi alvo da denúncia, manteve-se à margem dessas ações durante seu breve período como presidente interino, mas sua posição no governo o torna uma testemunha potencialmente decisiva para esclarecer o que sabia sobre os planos discutidos nos bastidores.


A escolha de Mourão gerou debates intensos nas redes sociais. Alguns usuários questionaram a confiança da defesa no general, destacando que “ele pode falar contra Bolsonaro e complicar tudo”, enquanto outros sugeriram que “Mourão vai ter que escolher entre proteger o ex-chefe ou se proteger”. Houve também quem apontasse o histórico de tensões entre os dois, lembrando que Mourão foi frequentemente colocado de lado por Bolsonaro durante o mandato, levantando dúvidas sobre sua disposição de defendê-lo agora.


A imprensa acompanha de perto, com veículos como O Globo e CNN Brasil destacando que o depoimento de Mourão será um dos momentos-chave do processo.


O próximo passo depende do STF, que decidirá se aceita a denúncia da PGR e transforma Bolsonaro e os demais acusados em réus. O depoimento de Mourão, ainda sem data definida, será crucial: se ele reforçar a tese de que não havia plano concreto, pode dar fôlego à defesa; se revelar detalhes novos ou contraditórios, pode fortalecer a acusação. Enquanto a investigação avança, o caso segue como um dos mais explosivos da política brasileira, mantendo o ex-presidente no centro de uma batalha jurídica que pode definir seu futuro político e jurídico.

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