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Mar Invade Praia de Guarajuba e Destrói Barraca Famosa em Camaçari, Bahia: Veja o Vídeo

Erosão costeira ameaça casas de luxo e economia local.


Praia de Guarajuba | Reprodução
Praia de Guarajuba | Reprodução

Salvador, 31 de março de 2025 – A praia de Guarajuba, em Camaçari, na Bahia, foi palco de um cenário de devastação neste domingo, dia 30 de março, quando o mar invadiu a faixa de areia, destruiu uma barraca famosa e deixou casas de luxo sob ameaça iminente.


O avanço das ondas e das marés, intensificado por um processo de erosão costeira que vem se agravando nos últimos anos, transformou a paisagem paradisíaca do litoral norte baiano, conhecida por suas águas cristalinas e coqueirais, em um retrato de destruição gradual.


Frequentadores que estiveram no local no final da tarde de 30 de março, testemunharam os impactos diretos desse fenômeno, que compromete não só a infraestrutura turística, mas também a economia local dependente do movimento sazonal.


A barraca do Prefeitinho, uma das mais tradicionais e movimentadas de Guarajuba, foi a principal vítima do avanço do mar neste domingo.


Segundo relatos de moradores e turistas, a estrutura, que há décadas servia como ponto de encontro para visitantes em busca de petiscos e bebidas à beira-mar, foi parcialmente arrasada pelas ondas, que tomaram a faixa de areia e alcançaram os alicerces do estabelecimento.


“Eu vim aqui no fim da tarde e vi tudo desmoronando. A água chegou onde nunca tinha chegado antes,” disse um frequentador à reportagem local. Outras barracas menores, como a do Carlinhos, também sofreram danos, com mesas e cadeiras arrastadas pela força da maré alta.


Veja ao vídeo completo:


O fenômeno não é isolado. A erosão costeira em Guarajuba, situada a cerca de 42 quilômetros de Salvador pela Linha Verde, tem se intensificado, impulsionada por fatores como mudanças climáticas, aumento do nível do mar e eventos meteorológicos extremos.


Dados da tábua de marés para a região indicam que, no domingo, a preia-mar atingiu picos elevados, com coeficientes altos que amplificaram as correntezas e a força das ondas. A combinação de maré cheia com ventos fortes, comum no final de março na costa baiana, pode ter agravado a situação, segundo especialistas em oceanografia consultados.


“Estamos vendo um padrão de erosão que destrói sedimentos naturais e compromete a linha costeira,” explicou Ana Ribeiro, professora de geopolítica da USP, que estuda impactos climáticos no Nordeste.


A destruição das barracas vai além da perda física. A economia de Guarajuba depende fortemente do turismo, com as estruturas à beira-mar gerando empregos diretos para cozinheiros, garçons e vendedores ambulantes, além de atrair visitantes que sustentam pousadas, restaurantes e comércio local.


A barraca do Prefeitinho, por exemplo, era conhecida por pratos como peixe frito e moquecas, atraindo tanto turistas quanto moradores de condomínios de alto padrão próximos. “É um golpe duro. Muita gente vive disso aqui,” lamentou João Silva, dono de uma barraca vizinha que ainda resiste às investidas do mar.


A prefeitura de Camaçari não divulgou um balanço oficial dos prejuízos até o momento, mas a retirada de barracas já foi tema de ações judiciais em anos anteriores, como em 2023, quando um termo de 2009 obrigou a desocupação de faixas de areia em outras praias do município.


Mais preocupante ainda é a ameaça às casas de luxo que margeiam a orla.


Guarajuba, originalmente uma vila de pescadores, transformou-se em um balneário de alto padrão, com condomínios fechados e mansões frente-mar que chegam a custar milhões de reais.


No entanto, o avanço do mar já erodeu parte das áreas de proteção natural, como dunas e coqueirais, deixando algumas residências a poucos metros da linha d’água. “As ondas estão batendo na base do terreno. Tenho medo de que a próxima maré leve tudo,” disse uma moradora de um condomínio próximo ao trecho mais afetado, que pediu anonimato.


Vídeos nas redes sociais mostram a água lambendo os muros de propriedades de luxo, com alguns jardins já comprometidos pela salinização do solo.


Nas redes sociais, o cenário gerou alarme e debate. Um post no X afirmou: “Mar invadiu Guarajuba hoje, destruiu a barraca do Prefeitinho e tá chegando nas casas. A erosão tá fora de controle.” Outro usuário escreveu: “Fui à praia hoje e vi o caos. Guarajuba tá virando um caso de emergência climática.”


Frequentadores lamentaram a perda da faixa de areia, que em alguns pontos desapareceu completamente, substituída por um mar agitado que avança sem barreiras. “Era um lugar perfeito para caminhar, agora tá tudo embaixo d’água,” comentou um turista no Instagram.


A erosão costeira não é novidade no litoral brasileiro. Na Paraíba, cidades como Baía da Traição enfrentam problemas semelhantes, com o mar engolindo casas e forçando realocações desde 2024.


Em Guarajuba, o problema é agravado pela urbanização intensa, que substituiu vegetação nativa por construções, reduzindo a capacidade da costa de absorver o impacto das ondas. Estudos apontam que o aumento do nível do mar, ligado ao aquecimento global, pode elevar a linha costeira em até 10 centímetros por década em algumas regiões, segundo projeções da ONU.


Tempestades mais frequentes e intensas, como as esperadas para o outono no Nordeste, também aceleram a perda de sedimentos, deixando praias como Guarajuba mais vulneráveis.


A prefeitura de Camaçari já enfrentou críticas por sua resposta lenta à erosão. Em 2023, a retirada de barracas em Itacimirim e Barra do Jacuípe, outras praias do município, gerou protestos de barraqueiros que alegavam falta de alternativas.


Em Guarajuba, placas sinalizando áreas de proteção para desova de tartarugas marinhas – uma característica ecológica da região – indicam esforços de preservação, mas medidas concretas contra a erosão, como quebra-mares ou barreiras artificiais, ainda não foram amplamente implementadas. “Faltam projetos de contenção eficazes.


O mar não espera,” disse Ribeiro, da USP, destacando que soluções como geobags (sacos de areia submersos) usadas em Santos poderiam ser testadas na Bahia.


Para os moradores e comerciantes, o impacto é imediato. Além da perda das barracas, a infraestrutura turística, como calçadões e ciclovias, também está em risco, afetando a experiência de quem visita Guarajuba por suas piscinas naturais e mar calmo na maré baixa.


“Eu trouxe minha família para passar o fim de semana e vi esse desastre. É triste ver um lugar tão bonito assim,” relatou um turista de Salvador presente no local às 17h deste domingo. A proximidade com a Praia do Forte, a 10 quilômetros, e Salvador, a pouco mais de uma hora, torna Guarajuba um destino estratégico, mas a erosão ameaça seu apelo.


A reação oficial ainda é aguardada. A prefeitura de Camaçari informou que equipes estão avaliando os danos, mas não detalhou planos emergenciais. Especialistas sugerem que, sem intervenções como a recomposição de areia ou barreiras costeiras, o problema só vai piorar.


“O mar está comendo tudo, e a tendência é que avance mais com as próximas marés altas,” alertou um oceanógrafo da Universidade Federal da Bahia, que pediu anonimato. No Brasil, o custo de obras de contenção pode chegar a dezenas de milhões de reais, um desafio para municípios com orçamentos limitados.


Para quem frequenta Guarajuba, a percepção é de perda irreparável. O que antes era um refúgio de águas tranquilas e barracas animadas agora é um campo de batalha entre a natureza e a ocupação humana.


A destruição da barraca do Prefeitinho e a ameaça às casas de luxo são apenas o começo de um problema que exige respostas urgentes – ou o mar, implacável, continuará a tomar o que resta da costa de Camaçari.

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