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RS Anuncia "Cidade de Data Centers" com Investimento de R$ 3 Bilhões

Projeto em Eldorado do Sul visa liderar inovação em IA na América do Sul.


Cidade de Data Centers | Reprodução
Cidade de Data Centers | Reprodução

Rio Grande do Sul, 15/04/2025 – O Rio Grande do Sul está no centro de um projeto ousado que promete transformar o estado em um polo global de infraestrutura digital.


Em setembro de 2024, o governo estadual e a Scala Data Centers assinaram um protocolo de intenções para construir a Scala AI City, descrita como a primeira “cidade de data centers” do Brasil, no município de Eldorado do Sul, a 17 quilômetros de Porto Alegre.


Com um investimento inicial de R$ 3 bilhões, a iniciativa visa atender à crescente demanda por inteligência artificial (IA) e computação em nuvem, posicionando o país como um líder na revolução tecnológica na América do Sul.


O anúncio, que gerou expectativa entre investidores e especialistas, reflete a ambição de combinar inovação, sustentabilidade e recuperação econômica em uma região marcada por desafios recentes.


A Scala AI City será erguida em um terreno de 7 milhões de metros quadrados, equivalente a cerca de 700 hectares, já adquirido pela empresa em Eldorado do Sul.


A primeira fase do projeto, com conclusão prevista para 2026, terá uma capacidade inicial de 54 megawatts (MW), superando a infraestrutura de data centers de países como Argentina e Uruguai. A longo prazo, a Scala planeja expandir o complexo para até 4.750 MW, uma escala que poderia rivalizar com os maiores hubs digitais do mundo, como os de Virgínia, nos Estados Unidos.


Esse potencial, que demandaria investimentos estimados em R$ 300 bilhões ao longo de uma década, é visto como um marco para o Brasil, onde a capacidade total de data centers hoje é de aproximadamente 777 MW, segundo a consultoria JLL.


O projeto ganhou destaque por sua localização estratégica. Eldorado do Sul foi escolhido por sua oferta abundante de energia elétrica, com uma subestação local de 1,7 gigawatt, e por sua resiliência a desastres naturais.


Apesar das enchentes que devastaram 80% do município em maio de 2024, o terreno selecionado permaneceu intocado, o que reforçou a confiança da Scala na região. A proximidade com Porto Alegre, a 32 quilômetros, e a futura conexão com o cabo submarino Malbec, que ligará a capital gaúcha a São Paulo, Rio de Janeiro e Buenos Aires, garantem baixa latência e integração com mercados globais, uma vantagem competitiva para atender o Cone Sul.


A Scala AI City será 100% alimentada por energia renovável, com certificações que asseguram eficiência energética. A empresa promete um Power Usage Effectiveness (PUE) de no máximo 1,2 – o mais baixo da América Latina – e um Water Usage Effectiveness (WUE) de zero, eliminando o uso de água em sistemas de refrigeração.


Essas medidas aproveitam o clima ameno do sul do Brasil para reduzir custos operacionais e impactos ambientais, respondendo a preocupações globais sobre o consumo energético de data centers, que podem atingir 7% da eletricidade mundial até 2030, conforme projeções acadêmicas.


O governador Eduardo Leite destacou o simbolismo do projeto para o Rio Grande do Sul, especialmente após as chuvas que marcaram 2024 como um ano de adversidades.


Durante a assinatura do protocolo, Leite enfatizou que a iniciativa representa uma oportunidade de recuperação econômica, com a criação de mais de 3 mil empregos diretos e indiretos na primeira fase. O impacto se estenderá a setores como construção civil, energia e telecomunicações, movimentando a economia local.


O governo estadual comprometeu-se a agilizar licenciamentos e criar um ambiente regulatório favorável, sem oferecer incentivos fiscais diretos, mas com benefícios como diferimento tributário para equipamentos sem similares no estado.


Marcos Peigo, CEO e cofundador da Scala, descreveu o empreendimento como um divisor de águas. Ele argumentou que a Scala AI City não apenas elevará o Brasil a um novo patamar tecnológico, mas também promoverá desenvolvimento sustentável, aproveitando a matriz energética renovável do estado, que responde por 85% da geração local.


Peigo destacou a demanda global por infraestrutura de IA, citando a escassez de energia em hubs como Virgínia, onde novos data centers enfrentam filas de até sete anos. No Brasil, o Rio Grande do Sul já dispõe de 12 gigawatts disponíveis, dos quais a Scala garantiu 5 gigawatts para o projeto.


A escolha de Eldorado do Sul também reflete lições aprendidas com as enchentes. A Scala já opera um data center em Porto Alegre, o SPOAPA01, com 4,8 MW, inaugurado em 2023 por R$ 240 milhões.


Esse site ficou inativo por 68 dias devido às inundações, o que levou a empresa a priorizar áreas seguras para o novo projeto. A interligação com o SPOAPA01 permitirá maior resiliência operacional, enquanto a conexão com o cabo Malbec, prevista para os próximos anos, consolidará a região como um hub de conectividade para a América Latina.


O projeto enfrenta desafios significativos. A construção de um complexo de 4.750 MW exigirá investimentos contínuos e uma infraestrutura elétrica robusta, mesmo com a disponibilidade atual de energia. A mão de obra qualificada é outra preocupação: a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação alertou em 2024 que o Brasil forma menos técnicos do que o necessário para suportar a expansão digital.


Além disso, a dependência de equipamentos importados, sujeitos a flutuações cambiais, pode elevar custos, especialmente em um cenário de volatilidade econômica global.


A Scala AI City também levanta questões ambientais. Embora a promessa de energia renovável e eficiência seja louvável, a construção em grande escala pode impactar ecossistemas locais, e a operação de data centers, mesmo com PUE baixo, ainda consome quantidades expressivas de eletricidade.


Ambientalistas locais, consultados pelo O Bahia Post, expressaram apoio cauteloso, pedindo transparência sobre o impacto de longo prazo.


O sentimento entre especialistas e investidores é de otimismo moderado. A Scala, controlada pela DigitalBridge, já investiu mais de R$ 8 bilhões na América Latina desde 2020, operando nove data centers em países como Brasil e Chile.


Sua experiência no mercado hyperscale, que atende gigantes como Amazon e Google, dá credibilidade ao projeto. No entanto, analistas apontaram que atingir 4.750 MW dependerá de condições macroeconômicas favoráveis e da capacidade do governo gaúcho de manter compromissos de infraestrutura.


No Brasil, o setor de data centers está em franca expansão. São Paulo concentra 86% da capacidade nacional, mas estados como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul começam a atrair investimentos.


A Scala AI City é vista como um passo para descentralizar essa infraestrutura, reduzindo a dependência do eixo Rio-São Paulo. Em Eldorado do Sul, a expectativa é que o projeto revitalize a economia local, abalada pelas enchentes, oferecendo oportunidades para uma população que ainda se recupera de perdas materiais e emocionais.


O futuro da Scala AI City dependerá de execução meticulosa e colaboração entre governo, empresa e sociedade. Se bem-sucedido, o projeto pode reposicionar o Rio Grande do Sul como um líder em tecnologia, atraindo mais investimentos e consolidando o Brasil na vanguarda da IA.


Por enquanto, a “cidade de data centers” é uma promessa ambiciosa, com potencial para redefinir o horizonte econômico e digital da América do Sul.


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