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Agronegócio Brasileiro em 2025: Cenário Atual, Desafios e Projeções

Setor enfrenta clima, custos e demanda global em um ano de transição.


Divulgação
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São Paulo, 23 de fevereiro de 2025 – O agronegócio brasileiro, pilar essencial da economia nacional, vive em 2025 um momento de resiliência e adaptação.


Responsável por cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) e líder global na exportação de commodities como soja, carne bovina e café, o setor enfrenta um cenário marcado por condições climáticas adversas, custos elevados de insumos e uma demanda internacional robusta, porém volátil. Apesar dos desafios, as projeções apontam para um crescimento moderado, com inovações tecnológicas e a expansão de mercados sustentando o futuro do campo.


O ano de 2024 deixou rastros que moldam o presente. A seca severa, influenciada pelo fenômeno La Niña, reduziu safras em regiões como o Sul e o Centro-Oeste, enquanto chuvas irregulares afetaram o Nordeste. Dados preliminares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que a safra de grãos 2024/25 caiu 3,8% em relação ao recorde anterior, totalizando cerca de 290 milhões de toneladas. Ainda assim, o Brasil manteve sua posição como maior exportador mundial de soja, com 86,1 milhões de toneladas enviadas ao exterior, especialmente para a China, Emirados Árabes Unidos e Egito, mercados que cresceram em relevância nos últimos anos. A pecuária também se destacou, com exportações de carne bovina subindo 5% em volume, apesar de margens mais apertadas devido ao aumento dos custos de ração e energia elétrica, impactados pela crise hídrica que elevou tarifas em diversas regiões produtoras.


A força do agronegócio é inegável. Em 2024, o setor respondeu por 48% das exportações totais do país, gerando um superávit comercial de R$ 166 bilhões, conforme dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Esse desempenho foi impulsionado por uma demanda global aquecida, com a Ásia e o Oriente Médio consolidando-se como destinos estratégicos para produtos agrícolas brasileiros.


No entanto, o cenário interno revela fragilidades que não podem ser ignoradas. A infraestrutura logística, com portos sobrecarregados como o de Santos e estradas precárias em estados como Mato Grosso e Pará, continua a encarecer o transporte, elevando os custos em até 30% em algumas cadeias produtivas. Enquanto isso, o preço dos fertilizantes, que subiu 12% em relação a 2023 devido à dependência de importações da Rússia e Belarus, pressiona os produtores, especialmente os de pequena e média escala, que representam 70% das propriedades rurais no país, segundo o IBGE.


Imagine um sojicultor no Mato Grosso acompanhando o clima pelo celular, ajustando o plantio com dados de satélite, enquanto negocia sua colheita em tempo real com compradores internacionais. Essa é a realidade de um setor que avança rumo à digitalização, mas ainda lida com gargalos estruturais que comprometem sua eficiência. A adoção de tecnologias como agricultura de precisão, drones e bioinsumos cresce de forma acelerada – a CNA estima que 20% das lavouras já utilizam essas soluções –, reduzindo a dependência de insumos importados e diminuindo os impactos ambientais em áreas de cultivo intensivo.


Empresas como a Farmonaut, que fornecem ferramentas de monitoramento por satélite, e startups de biotecnologia, que desenvolvem fertilizantes orgânicos, estão ajudando os agricultores a enfrentar mudanças climáticas cada vez mais extremas, como secas prolongadas e ondas de calor que afetaram a produtividade em estados como Rio Grande do Sul e Goiás no último ano.


Os desafios, porém, são múltiplos e complexos. O clima segue como o principal fator de incerteza para o agronegócio brasileiro. Projeções do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) indicam que 2025 pode trazer uma transição do La Niña para um padrão neutro, aliviando potencialmente as secas no Sul, mas mantendo chuvas irregulares no Centro-Oeste, maior celeiro agrícola do país.


Além disso, a instabilidade macroeconômica pressiona o setor significativamente. Com o dólar oscilando acima de R$ 6,20 e a taxa Selic projetada em 13,5% pelo banco UBS BB, o crédito rural, essencial para 80% dos produtores, segundo especialistas do setor financeiro, torna-se mais caro, limitando investimentos em máquinas, infraestrutura e expansão de áreas cultivadas. A insegurança jurídica também é uma preocupação crescente, alimentada por decisões judiciais sobre demarcações de terras indígenas e revisões do Código Florestal, que geram incertezas para grandes produtores, especialmente na Amazônia Legal, onde a regularização fundiária segue como um entrave histórico.


No front externo, barreiras comerciais emergem como um risco palpável. A União Europeia intensifica exigências de rastreabilidade e sustentabilidade, pressionando exportadores de carne bovina e soja a comprovar origem livre de desmatamento, uma demanda que exige investimentos em certificação e tecnologia que nem todos os produtores conseguem arcar. Por outro lado, oportunidades se abrem em mercados emergentes. Negociações para um acordo entre o Mercosul e os Emirados Árabes Unidos podem ampliar o acesso a mercados islâmicos, que demandam carne halal e grãos em volumes crescentes, enquanto a China, que absorve 30% das exportações agrícolas brasileiras, segue como um cliente fiel, priorizando soja e proteínas para alimentar sua população de 1,4 bilhão de pessoas.


Esses novos destinos ajudam a diversificar a pauta exportadora, reduzindo a dependência de parceiros tradicionais como os Estados Unidos e a Europa, que juntos representaram apenas 18% das vendas externas do agro em 2024.


Para 2025, as projeções são cautelosamente otimistas, mas dependem de uma série de variáveis. O Rabobank estima uma safra de soja recorde de 167 milhões de toneladas, caso o clima colabore nos próximos meses, e um crescimento do PIB do agronegócio entre 2% e 5%, influenciado por fatores como câmbio, inflação e preços internacionais de commodities. A produção de carne – bovina, suína e de frango – deve atingir novos picos, com exportações previstas em 15,1 milhões de toneladas para aves e 4,7 milhões para suínos, segundo a CNA, refletindo a força do Brasil como maior exportador mundial de carne de frango e quarto em carne bovina.


Esses números mostram a capacidade do setor de se adaptar a adversidades, mas também sua vulnerabilidade a fatores externos, como oscilações nos preços do petróleo, que afetam os fretes, e políticas fiscais internas, que podem encarecer ainda mais o custo de produção caso o governo opte por aumentar tributos para equilibrar as contas públicas.


A sustentabilidade é outro tema que ganha peso no agronegócio brasileiro. O Plano ABC+, iniciativa do governo federal que incentiva práticas de baixa emissão de carbono, já abrange 60 milhões de hectares, promovendo técnicas como plantio direto e integração lavoura-pecuária-floresta, que aumentam a produtividade sem expandir a área desmatada. O uso de biofertilizantes cresce 15% ao ano, reduzindo a pegada ambiental da agricultura e a dependência de insumos químicos importados, que chegaram a custar R$ 1.200 por tonelada em 2024.


No entanto, o avanço da fronteira agrícola no Cerrado, que perdeu 1,1 milhão de hectares para cultivo entre 2023 e 2024, e os alertas de desmatamento na Amazônia, que subiram 9% no último ano segundo o Inpe, continuam a desafiar a imagem do Brasil no exterior, exigindo um equilíbrio delicado entre produção e preservação para atender às demandas de mercados como a Europa, que ameaça boicotes caso as metas ambientais não sejam cumpridas.


O agronegócio brasileiro em 2025 é um setor em plena transformação. A tecnologia, com drones monitorando lavouras e sistemas de irrigação inteligente, e a abertura de mercados emergentes sustentam seu potencial de crescimento, mas os desafios climáticos, logísticos e econômicos demandam estratégias robustas e coordenadas entre produtores, governo e iniciativa privada.


Se o país conseguir superar esses obstáculos com inovação, planejamento e políticas públicas consistentes, poderá não apenas manter sua liderança global no fornecimento de alimentos, mas também pavimentar um futuro mais sustentável e competitivo, garantindo comida na mesa de bilhões ao redor do mundo enquanto fortalece sua economia interna, que depende do campo para manter o equilíbrio comercial e financiar setores como indústria e serviços em um cenário de incertezas globais.

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