BlackRock Lança Primeiro Produto Bitcoin na Europa em 2025
- Editorial O Bahia Post

- 25 de mar.
- 5 min de leitura
ETP iShares Bitcoin estreia em meio à alta demanda por cripto.

São Paulo, 25 de março de 2025 – A BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, lançou nesta terça-feira seu primeiro produto de bitcoin negociado em bolsa (ETP) na Europa, buscando atender à crescente demanda por exposição a criptomoedas em novos mercados.
O iShares Bitcoin ETP começou a ser negociado em bolsas como Xetra, em Frankfurt, e Euronext, em Paris e Amsterdã, sob os tickers IB1T e BTCN, respectivamente, conforme anunciado pela empresa.
O movimento segue o sucesso de produtos similares nos Estados Unidos, onde a BlackRock já atraiu mais de 50 bilhões de dólares desde janeiro de 2024, e marca a expansão da gigante financeira para o mercado europeu de ativos digitais.
O lançamento ocorre em um momento de entusiasmo renovado pelo bitcoin, impulsionado por sua valorização e pela eleição de Donald Trump, que prometeu apoiar o setor cripto durante sua campanha. A BlackRock, que administra cerca de 11,6 trilhões de dólares em ativos globalmente, introduziu o ETP com uma taxa promocional reduzida de 0,15% até o final de 2025, graças a um desconto temporário de 10 pontos-base.
Após esse período, a taxa retornará a 0,25%, alinhando-se a produtos concorrentes como o da CoinShares, que lidera o mercado europeu com 1,3 bilhão de dólares em ativos. A Coinbase atua como custodiante do bitcoin subjacente, enquanto o Bank of New York Mellon é o administrador, segundo a página oficial do produto.
A gestora planejava o lançamento há semanas, como reportado pela Reuters em fevereiro, quando uma fonte indicou que o produto seria domiciliado na Suíça. A BlackRock incorporou a iShares Digital Assets AG, uma empresa sediada em Zurique focada em ativos digitais, nos últimos meses, conforme registros regulatórios.
O ETP é fisicamente lastreado, ou seja, detém bitcoin real em custódia, permitindo que investidores institucionais e de varejo qualificados acompanhem o preço à vista da criptomoeda sem a necessidade de gerenciar carteiras digitais diretamente. A estreia reflete a crescente aceitação do bitcoin como uma classe de ativos legítima entre investidores tradicionais.
Nos Estados Unidos, o iShares Bitcoin Trust (IBIT), lançado em janeiro de 2024 após a aprovação da Comissão de Valores Mobiliários (SEC), tornou-se o maior ETF de bitcoin do mundo, acumulando cerca de 48 bilhões de dólares em ativos em pouco mais de um ano.
O sucesso americano, que transformou o IBIT no maior lançamento de ETF da história, incentivou a BlackRock a replicar o modelo na Europa, onde o mercado de ETPs cripto ainda é menor, com cerca de 13,6 bilhões de dólares em ativos totais.
A gestora foi uma das primeiras a oferecer produtos desse tipo nos EUA, aproveitando a decisão histórica da SEC que abriu as portas para a integração de criptomoedas às finanças tradicionais.
O mercado europeu, embora menor que o americano, tem mostrado sinais de crescimento. Produtos como o CoinShares Physical Bitcoin ETP, com 1,3 bilhão de dólares em ativos, e outros geridos por empresas como 21Shares, dominaram o cenário até agora.
A chegada da BlackRock, com sua escala e reputação, pode intensificar a concorrência e atrair mais capital institucional. Manuela Sperandeo, chefe de produtos iShares para Europa e Oriente Médio, destacou que a empresa observa um interesse crescente de investidores em toda a região, desde gestores de fundos até clientes de varejo qualificados, segundo uma declaração anterior à Bloomberg.
A expansão ocorre em um contexto favorável para o bitcoin. Desde o início de 2024, a criptomoeda mais que dobrou de valor, passando de 43 mil dólares para mais de 100 mil dólares, segundo dados do mercado, impulsionada por influxos recordes em ETFs americanos e pela retórica pró-cripto de Trump, que assumirá a presidência em janeiro de 2025.
A BlackRock capitalizou esse momento nos EUA, onde seus ETFs atraíram 65 bilhões de dólares em 2024, e agora busca replicar o sucesso na Europa, um mercado regulado pela estrutura MiCA (Markets in Crypto-Assets), introduzida pela União Europeia em 2023 e em fase de implementação.
A MiCA trouxe maior clareza regulatória para criptoativos na Europa, mas também impôs regras mais rígidas, o que diferencia o ambiente do continente em relação aos EUA. Enquanto os ETFs americanos beneficiaram-se de uma aprovação histórica da SEC, o mercado europeu já contava com ETPs cripto há anos, embora em escala reduzida.
O iShares Bitcoin ETP da BlackRock estreia com uma taxa competitiva, inferior à média de alguns concorrentes, como os 0,35% cobrados por certos produtos existentes, o que pode atrair investidores sensíveis a custos. A redução temporária para 0,15% até dezembro de 2025 reforça essa estratégia inicial.
O desempenho financeiro da BlackRock também sustenta sua aposta em cripto. No quarto trimestre de 2024, a empresa reportou ativos sob gestão de 11,6 trilhões de dólares, um aumento em relação aos 11,48 trilhões do trimestre anterior e 10,01 trilhões no ano precedente, segundo dados divulgados em janeiro.
O lucro trimestral subiu 21%, atingindo 1,67 bilhão de dólares, ou 10,63 dólares por ação, contra 1,38 bilhão no mesmo período de 2023. Esse crescimento foi impulsionado por ganhos no mercado de ações e pelo sucesso de produtos como o IBIT, que consolidaram a posição da gestora como líder em inovação financeira.
Para investidores europeus, o ETP oferece uma alternativa acessível ao bitcoin, eliminando barreiras técnicas como a criação de carteiras digitais ou a negociação direta em exchanges. O produto será negociado em bolsas tradicionais, como Xetra, em Frankfurt, e Euronext, em Paris e Amsterdã, integrando-se ao sistema financeiro convencional.
A BlackRock não comentou oficialmente o lançamento, mas a página do produto confirma que ele está disponível desde hoje, 25 de março, marcando um passo significativo na estratégia global da empresa para ativos digitais.
O impacto do lançamento pode ir além da Europa. Analistas preveem que a entrada da BlackRock no mercado europeu de criptoativos pressione concorrentes a reduzir taxas e melhorar ofertas, enquanto atrai mais investidores institucionais para o setor.
Nos EUA, o sucesso dos ETFs de bitcoin abriu caminho para produtos derivados, como opções aprovadas pela SEC em 2024, e há especulações de que a Europa possa seguir um caminho semelhante. A gestora já trabalha com a Coinbase, que custodia o bitcoin do IBIT nos EUA e agora do ETP europeu, e com o Bank of New York Mellon, reforçando a infraestrutura robusta por trás de seus produtos.
No Brasil, onde o bitcoin também ganha tração entre investidores de varejo, o lançamento pode inspirar maior interesse em produtos regulados. Embora o país ainda não tenha ETFs de cripto tão expressivos quanto os americanos, exchanges locais e fundos de investimento acompanham de perto os movimentos globais.
O ETP europeu da BlackRock, ao trazer credibilidade institucional, reforça a narrativa de que criptomoedas estão se consolidando como uma classe de ativos mainstream, mesmo em mercados com regulamentações distintas.
A estreia do iShares Bitcoin ETP ocorre em um momento de otimismo cauteloso. Enquanto o bitcoin atinge novos picos, impulsionado por fatores como a política pró-cripto de Trump e a adoção institucional, os riscos permanecem. Volatilidade, preocupações regulatórias e a possibilidade de correções de mercado são desafios que investidores enfrentam.
Ainda assim, a BlackRock aposta que a demanda por exposição ao bitcoin continuará crescendo, e o lançamento de hoje é um marco em sua estratégia para liderar esse segmento na Europa, após dominá-lo nos EUA.
























