Fim da Escala 6x1 Pode Eliminar 18 Milhões de Empregos, Diz Estudo
- Editorial O Bahia Post

- 18 de abr
- 4 min de leitura
Pesquisa da Fiemg alerta para impactos no PIB e aumento da informalidade.

Brasília, 18/04/2025 – Um estudo conduzido pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), divulgado em abril de 2025, projeta que o fim da escala de trabalho 6x1 – na qual o empregado trabalha seis dias seguidos com um dia de folga – poderia resultar na perda de até 18 milhões de empregos no Brasil, além de uma queda de até 16% no Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
A pesquisa, que tem gerado intensa repercussão em círculos econômicos e políticos, aponta que a mudança afetaria principalmente setores como comércio, serviços e indústria, aumentando custos operacionais e incentivando a informalidade.
Embora os números exatos careçam de validação por outras fontes, o alerta reacende o debate sobre a flexibilização trabalhista em um país que ainda enfrenta desafios para recuperar os níveis de emprego pré-pandemia.
A escala 6x1 é amplamente utilizada em setores que operam com alta demanda contínua, como varejo, hotelaria, alimentação e manufatura. A prática, regulamentada pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e por acordos coletivos, permite que empresas mantenham operações ininterruptas sem violar limites de jornada, desde que respeitados os descansos semanais remunerados.
O estudo da Fiemg argumenta que a substituição dessa escala por modelos mais rígidos, como o 5x2, elevaria significativamente os custos com mão de obra, forçando empresas a reduzir contratações, automatizar processos ou migrar para a informalidade.
A projeção de 18 milhões de empregos perdidos, embora alarmante, é apresentada como um cenário extremo, dependente de uma implementação abrupta e sem medidas compensatórias.
A estimativa de impacto no PIB, que poderia chegar a 16%, reflete o peso desses setores na economia brasileira. Em 2024, o PIB nacional foi de aproximadamente R$ 11,8 trilhões, segundo o IBGE, e uma queda de tal magnitude equivaleria a uma perda de cerca de R$ 1,9 trilhão.
O comércio, que emprega cerca de 20% da força de trabalho formal, seria o mais afetado, seguido por serviços (que respondem por 70% do PIB) e indústria.
A Fiemg destaca que pequenas e médias empresas, com margens de lucro reduzidas, enfrentariam dificuldades para absorver os custos adicionais, enquanto grandes corporações poderiam optar por tecnologias de automação, reduzindo ainda mais a necessidade de mão de obra.
O debate sobre o fim da escala 6x1 ganhou tração em 2025, impulsionado por discussões no Congresso Nacional e pressões de sindicatos por melhores condições de trabalho. Propostas legislativas, ainda em fase inicial, sugerem a substituição do modelo por escalas que garantam dois dias de descanso semanal, com o argumento de que a 6x1 prejudica a saúde mental e física dos trabalhadores.
Estudos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), de 2023, indicam que jornadas prolongadas sem pausas adequadas aumentam o risco de estresse, burnout e doenças cardiovasculares.
No entanto, a Fiemg contrapõe que a mudança, sem uma transição planejada, poderia desestruturar cadeias produtivas e exacerbar o desemprego, que em 2024 atingiu 8,3% da força de trabalho, segundo o IBGE, equivalente a 9,1 milhões de pessoas.
As projeções da Fiemg têm sido recebidas com ceticismo por alguns analistas, que questionam a metodologia e a ausência de validação por instituições independentes. O Bahia Post apurou que o estudo baseia-se em modelagens econômicas que assumem uma adoção imediata do fim da escala 6x1 em todos os setores, sem considerar adaptações graduais ou incentivos fiscais para mitigar impactos.
Economistas consultados apontam que, embora a mudança possa elevar custos, a estimativa de 18 milhões de empregos perdidos parece superdimensionada, já que o mercado de trabalho formal brasileiro contava com cerca de 44 milhões de vagas em 2024, segundo o Ministério do Trabalho. Uma perda dessa magnitude representaria mais de 40% do emprego formal, um cenário que exigiria condições extremas.
A informalidade é outro risco destacado pelo estudo. A Fiemg estima que até 30% das vagas eliminadas poderiam migrar para o mercado informal, onde trabalhadores não contam com direitos como FGTS, 13º salário ou aposentadoria.
Em 2024, cerca de 39% da força de trabalho brasileira era informal, segundo o IBGE, e um aumento nessa proporção poderia comprometer a arrecadação previdenciária e fiscal, limitando a capacidade do governo de financiar políticas públicas.
Setores como alimentação fora do lar e varejo de pequeno porte, que dependem fortemente da escala 6x1, seriam os mais propensos a buscar alternativas fora da CLT, como contratações por pessoa jurídica ou trabalho autônomo.
Soluções para mitigar os impactos do fim da escala 6x1 incluem incentivos fiscais, subsídios para automação responsável e programas de requalificação profissional.
O estudo da Fiemg sugere que o governo poderia reduzir encargos trabalhistas temporariamente para facilitar a transição, enquanto o setor privado investe em tecnologias que aumentem a produtividade sem eliminar vagas.
A experiência de outros países, como a Alemanha, que implementou jornadas reduzidas com apoio estatal, é citada como um modelo possível, embora a realidade econômica brasileira exija adaptações.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI), em nota de 2024, defendeu que qualquer mudança nas escalas de trabalho seja precedida de diálogo tripartite entre governo, empresas e sindicatos.
O governo federal ainda não se posicionou oficialmente sobre o tema. O Ministério do Trabalho, em comunicados recentes, enfatizou a importância de equilibrar direitos trabalhistas com a competitividade econômica, mas não detalhou planos específicos para a escala 6x1.
No Congresso, a tramitação de projetos relacionados ao tema é lenta, com comissões temáticas debatendo impactos econômicos e sociais sem previsão de votação. A falta de consenso reflete a complexidade do assunto, que envolve desde a proteção ao trabalhador até a sustentabilidade financeira de setores produtivos.
























