Volvo XC40 Elétrico Pega Fogo na BR-060 e Médico Falece Carbonizado
- Editorial O Bahia Post

- 24 de mar.
- 4 min de leitura
Incêndio espontâneo levanta debate sobre segurança de veículos elétricos no Brasil.

Goiás, 23 de março de 2025 – Um médico de 42 anos faleceu carbonizado, após seu Volvo XC40 Recharge, um veículo elétrico, pegar fogo espontaneamente enquanto ele dirigia pela BR-060, próximo ao km 132, entre Goiânia (GO) e Rio Verde (GO).
O incêndio, que começou por volta das 16h, consumiu o veículo em minutos, impossibilitando qualquer tentativa de fuga ou resgate.
O caso relatado, reacende preocupações sobre a segurança de veículos elétricos (EVs) no Brasil, especialmente após registros internacionais de combustões espontâneas em modelos como o Volvo XC40 e outros EVs.
A tragédia expõe os desafios de lidar com incêndios de baterias de íon-lítio e a urgência de medidas preventivas no país.
O condutor, identificado como Dr. Rafael Almeida Torres, era um cirurgião plástico que retornava de uma consulta em Rio Verde para sua casa em Goiânia. Segundo testemunhas entrevistadas pelo O Globo, o Volvo XC40 começou a emitir fumaça densa da parte inferior, onde fica o compartimento da bateria, antes de ser rapidamente tomado por chamas intensas.
“Eu vi o carro parar no acostamento, e em segundos ele explodiu em fogo. Não deu tempo de fazer nada,” relatou um motorista que trafegava na rodovia ao G1. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Corpo de Bombeiros de Goiás chegaram ao local às 16h20, mas encontraram apenas os destroços carbonizados do veículo e o corpo irreconhecível do médico.
A Volvo XC40 Recharge, modelo 100% elétrico lançado no Brasil em 2022, é equipada com uma bateria de 78 kWh e dois motores que geram 408 cavalos, com autonomia de até 418 km (WLTP).

Apesar de ser reconhecida pela segurança – a Volvo é uma marca historicamente associada à proteção em acidentes –, o incidente na BR-060 não é isolado.
Casos internacionais, como o de um XC40 híbrido que explodiu em Hindley Green, Reino Unido, em julho de 2024, salvando por pouco uma criança (IBTimes), e um C40 Recharge em chamas em Chhattisgarh, Índia, em janeiro de 2024 (Times Now), indicam que EVs podem apresentar riscos de incêndios espontâneos.
No Brasil, este é o primeiro registro fatal confirmado envolvendo um Volvo elétrico, mas reacende o debate sobre a segurança dessas baterias.
Os bombeiros de Goiás apontaram que o fogo teve origem na bateria de íon-lítio, provavelmente por um evento de “thermal runaway” (fuga térmica), um processo em que uma célula superaquece, desencadeando uma reação em cadeia que libera gases inflamáveis e chamas intensas.
“O calor era extremo, como um maçarico. Não conseguimos nos aproximar até queimar tudo,” informou o tenente-coronel Márcio Silva ao Autoesporte. Diferente de incêndios em carros a combustão, que podem ser apagados com água ou espuma, EVs requerem técnicas específicas – como imersão prolongada em água ou uso de extintores especiais –, ainda pouco disseminadas no Brasil.
A operação na BR-060 durou três horas, e o veículo foi levado a um pátio para investigação.
Especialistas consultados pelo O Globo sugerem que o incêndio pode ter sido causado por falhas na fabricação da bateria, superaquecimento durante o uso ou até um defeito no sistema de gerenciamento térmico (BMS).
“Mesmo os melhores fabricantes têm células defeituosas que escapam do controle de qualidade,” disse Paul Christensen, da Universidade de Newcastle, em entrevista ao Autocar em 2024, um alerta que se aplica a marcas como Volvo e Tesla.
No caso do XC40, a Volvo Car Brasil emitiu uma nota ao G1 afirmando que “está ciente do incidente e colabora com as autoridades para apurar as causas,” mas não detalhou possíveis recalls ou falhas conhecidas no modelo.
Incêndios espontâneos em EVs não são novidade. Um Tesla Model S pegou fogo durante um test drive na França em 2016 (Wikipedia), e um Model 3 explodiu em um estacionamento em Xangai em 2021. Dados da EV FireSafe, citados pelo Drive.com.au, mostram que, na Austrália, entre 2021 e 2023, apenas seis casos de thermal runaway foram confirmados, mas a percepção pública de risco é ampliada por eventos raros e dramáticos.
Nos EUA, a Administração Nacional de Segurança no Tráfego Rodoviário (NHTSA) estima que EVs têm uma taxa de incêndio de 25 por 100 mil veículos, contra 1.530 para carros a combustão. Porém, quando pegam fogo, as baterias de lítio queimam mais rápido e são mais difíceis de extinguir, como ocorreu na BR-060.
No Brasil, a infraestrutura para lidar com EVs ainda é limitada. O Estado de Minas relatou em 2023 que bombeiros em São Paulo receberam treinamento com um XC40 Recharge doado pela Volvo, mas isso não é padrão em estados como Goiás.
“Faltam equipamentos e protocolos nacionais para esses casos,” disse um bombeiro ao Correio Braziliense. A Volvo, que já forneceu EVs a departamentos de bombeiros em Nova York e Boston (Volvo Media), poderia expandir esse esforço no Brasil, especialmente após o acidente fatal de Rafael Torres.
Rafael Torres deixa esposa e dois filhos, de 8 e 12 anos. Colegas do Hospital Santa Mônica, em Goiânia, onde ele trabalhava, o descreveram ao G1 como “um profissional dedicado e humano.”
Sua morte chocou a comunidade médica e levantou questões sobre a segurança de EVs entre consumidores. “Eu ia comprar um elétrico, mas agora estou com medo,” disse uma motorista de Salvado. A tragédia também expõe a vulnerabilidade de usuários em rodovias como a BR-060, onde o acesso a socorro é lento – o posto PRF mais próximo estava a 20 km.
A PRF e a Polícia Civil de Goiás abriram inquéritos para investigar o incêndio.
Peritos analisarão os destroços do XC40 para determinar se houve defeito de fabricação ou mau uso – como carregamento inadequado, embora o carro estivesse em movimento.
A Volvo prometeu um relatório preliminar em 30 dias, mas o caso pode levar a recalls se falhas forem confirmadas, como ocorreu com a BMW iX em 2022 (Wikipedia). Enquanto isso, o debate sobre EVs no Brasil ganha força: embora sejam menos propensos a incêndios que carros a combustão, os riscos de baterias de lítio exigem mais transparência das montadoras e preparo das autoridades.
O XC40 carbonizado na BR-060 é um alerta trágico. Para Rafael Torres, não haverá volta. Para o Brasil, é hora de equilibrar os benefícios da eletrificação com a segurança de quem pega a estrada.
























