Apple TV+ Tem Prejuízo de Quase R$ 6 Bilhões Anuais e Ameaça Sonho de Streaming
- Editorial O Bahia Post

- 20 de mar.
- 5 min de leitura
Gigante da tecnologia, enfrenta perdas crescentes apesar de sucessos como "Ted Lasso".

Califórnia, 20 de março de 2025 – A Apple, conhecida mundialmente por sua inovação e lucros astronômicos com o iPhone, está enfrentando um revés significativo em seu serviço de streaming, o Apple TV+.
De acordo com um relatório exclusivo da The Information, publicado hoje, 20 de março, a empresa perde mais de US$ 1 bilhão por ano com a plataforma, lançada em novembro de 2019. Apesar de sucessos premiados como Ted Lasso e Severance, o serviço não conseguiu alcançar a lucratividade esperada, levantando dúvidas sobre a estratégia da gigante de Cupertino no competitivo mercado de streaming.
O Apple TV+ foi concebido como uma aposta ambiciosa para diversificar as fontes de receita da Apple, que em 2024 gerou US$ 394,3 bilhões em vendas totais, segundo seu último relatório anual disponível até 2023. Com um investimento inicial superior a US$ 5 bilhões anuais em conteúdo original, a empresa buscava competir com gigantes como Netflix, Disney+ e Amazon Prime Video.
No entanto, a Reuters, em reportagem de hoje baseada no mesmo estudo da The Information, revelou que esse gasto foi reduzido em cerca de US$ 500 milhões em 2024, uma tentativa de conter as perdas que agora ultrapassam US$ 1 bilhão ao ano. A Apple não respondeu imediatamente a pedidos de comentário, mantendo sua tradicional discrição sobre o desempenho financeiro do serviço.
Desde o lançamento, o Apple TV+ conquistou elogios da crítica e acumulou mais de 2.500 indicações e 538 prêmios, conforme declarado pelo CEO Tim Cook em uma teleconferência de resultados em janeiro de 2025 (The Wrap, Web ID: 7). Séries como The Morning Show e filmes como CODA – que venceu o Oscar de Melhor Filme em 2022 – destacaram a qualidade do catálogo. Ainda assim, o número de assinantes permanece aquém dos concorrentes.
A Variety estimou em 2023 que o serviço tinha cerca de 25 milhões de assinantes, um número que pode ter subido para 45 milhões em 2024, segundo a The Information. Em comparação, a Netflix fechou 2024 com 301,63 milhões de usuários (Reuters, Web ID: 1), enquanto a Disney+ atingiu 124,6 milhões.
O prejuízo anual reflete os altos custos de produção e a dificuldade de atrair uma base de assinantes suficiente para compensá-los. Um exemplo é o filme Argylle, uma comédia de ação estrelada por Henry Cavill e Dua Lipa, que custou US$ 200 milhões, mas não gerou o impacto esperado em audiência ou novos assinantes, conforme questionado por Tim Cook em 2024 (The Information, Web ID: 0).
A Forbes apontou em 2023 que a estratégia da Apple de focar em conteúdo premium, em vez de um catálogo extenso como o da Netflix, limitou seu apelo de massa. Enquanto isso, o preço de US$ 9,99 por mês nos EUA (ou pacotes como o Apple One) não parece suficiente para cobrir os investimentos bilionários.
A Apple projetava perdas iniciais significativas, entre US$ 15 bilhões e US$ 20 bilhões na primeira década do Apple TV+, segundo plano interno revelado pela Cult of Mac (Web ID: 9).
Esse modelo é comum na indústria de streaming, onde empresas como a Disney+ também reportaram prejuízos de US$ 1,5 bilhão em 2022 (Los Angeles Times, Web ID: 14), mas a diferença é que a Apple, com lucros corporativos de US$ 100 bilhões anuais, pode absorver essas perdas sem impacto imediato em suas finanças. “Para a Apple, US$ 1 bilhão por ano é troco de bolso,” escreveu a Business Insider em 2024 (Web ID: 13), destacando que o serviço funciona mais como uma ferramenta de marketing para o ecossistema da empresa do que como um negócio independente.
No Brasil, o Apple TV+ custa R$ 21,90 por mês (valor ajustado de 2023), mas não há dados oficiais sobre assinantes locais. O mercado nacional, dominado por Netflix e Globoplay, reflete o desafio global da Apple: conquistar relevância em um setor saturado.
O Estadão noticiou em 2022 que a empresa testava parcerias com operadoras locais para oferecer o serviço em pacotes, uma estratégia que pode ter se intensificado em 2025 com a inclusão do Apple TV+ em bundles como o da Comcast nos EUA, que combina o serviço com Peacock e Netflix por US$ 15 mensais (Reuters, Web ID: 1).
A concorrência também evoluiu. A The Verge relatou em 2024 (Web ID: 19) que a Apple começou a pressionar seus executivos, como Zack Van Amburg e Jamie Erlicht, para reduzir custos, após anos de gastos desenfreados em projetos como Killers of the Flower Moon (US$ 200 milhões) e Napoleon (US$ 250 milhões), ambos de diretores consagrados, mas com retorno modesto em assinaturas.
Enquanto isso, startups chinesas como a DeepSeek lançaram modelos de IA mais eficientes, reduzindo a dependência de hardware caro – área em que a Nvidia, parceira da Apple, domina (Reuters, Web ID: relacionado ao GTC 2025). Essa pressão externa pode forçar a Apple a repensar sua abordagem.
Apesar das perdas, o Apple TV+ tem pontos fortes. A segunda temporada de Severance, lançada em 2025, alcançou 3 bilhões de minutos assistidos desde sua estreia, segundo a Nielsen (The Wrap, Web ID: 7), sugerindo potencial de crescimento.
A integração com o Apple One – que inclui iCloud, Apple Music e outros serviços – também infla os números de assinantes, embora muitos usem o streaming como um “extra” no pacote, conforme a MacRumors (Web ID: 8). O segmento de serviços da Apple, que inclui o TV+, gerou US$ 100 bilhões em receita em 2024 (CNBC, Web ID: 10), com margens brutas de 74%, mas o streaming permanece como o único serviço não lucrativo no portfólio.
O futuro do Apple TV+ depende de ajustes. A redução de US$ 500 milhões no orçamento de 2024 indica uma guinada para maior controle financeiro, mas analistas da Barclays alertaram em 2023 (Web ID: 16) que as perdas podem continuar por anos, impactando os lucros gerais da empresa, ainda que marginalmente.
A saída de Peter Stern, ex-chefe de serviços, em 2023, e a reestruturação da equipe de streaming (MacRumors, Web ID: 8) sinalizam turbulências internas. Enquanto isso, sucessos esporádicos como Ted Lasso não bastam para competir com o volume de conteúdo da Netflix, que investiu US$ 13 bilhões em 2023 (Hacker News, Web ID: 3).
Para a Apple, o Apple TV+ é um investimento de longo prazo, mas o prejuízo de US$ 1 bilhão por ano levanta questões sobre sua viabilidade.
Em um mercado onde a Disney+ cresce com franquias como Marvel e a Netflix domina com volume, a estratégia de qualidade sobre quantidade pode não ser suficiente. Resta saber se a gigante da tecnologia ajustará o curso ou continuará apostando que o prestígio – e não o lucro – é o verdadeiro retorno do streaming.
























