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Dólar Bate R$ 5,99 e Encosta em R$ 6 com Tensões Globais

Moeda sobe com tarifas de Trump e retaliação chinesa afetando mercados.


Dólar | Reprodução
Dólar | Reprodução

São Paulo, 08/04/2025 – O dólar comercial alcançou R$ 5,99 no fechamento desta terça-feira, 08 de abril, com picos que encostaram em R$ 6,00 durante o dia, marcando a maior cotação desde o início de março, segundo dados do Banco Central do Brasil.


A alta de 1,4% em relação ao fechamento de ontem, quando a moeda estava a R$ 5,91, reflete o impacto das tensões comerciais globais desencadeadas pelo "tarifaço" do presidente americano Donald Trump e pela retaliação da China, que anunciou controles sobre exportações de terras raras.


O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, caiu 1,6%, encerrando em 123.570 pontos, enquanto investidores buscam ativos seguros em meio a temores de uma recessão iminente.


A sessão começou com o dólar a R$ 5,92, mas a moeda ganhou força ao longo do dia, atingindo R$ 6,00 às 14h30, antes de recuar ligeiramente no fechamento.


A escalada foi impulsionada por uma ameaça de Trump, publicada em sua rede social na noite de ontem, de impor tarifas adicionais de 50% à China a partir de amanhã, 09 de abril, caso Pequim não recue de seu aumento de 34% nas tarifas sobre produtos americanos.


A resposta chinesa, detalhada hoje pela manhã, incluiu restrições à exportação de terras raras, essenciais para a produção de tecnologias como chips e baterias, intensificando os receios de uma guerra comercial generalizada.


O mercado global reagiu com nervosismo. O índice S&P 500, em Nova York, caiu 2,1%, enquanto o FTSE 100, em Londres, recuou 1,8%. No Brasil, a alta do dólar reflete a vulnerabilidade do real como moeda emergente em um cenário de aversão ao risco.


O Banco Central interveio pela segunda vez em dois dias, ofertando US$ 600 milhões em contratos de swap cambial para conter a volatilidade, mas o efeito foi temporário. Às 17h, na B3, o dólar futuro para maio era negociado a R$ 6,03, sinalizando expectativas de novas pressões no curto prazo.


A política tarifária de Trump, uma de suas bandeiras desde a posse em janeiro, já havia elevado a moeda americana nos últimos dias.


Ontem, o dólar fechou a R$ 5,91, alta de 1,29%, após o presidente americano insistir que as tarifas são necessárias para corrigir "abusos comerciais de longo prazo" da China.


A retaliação chinesa, anunciada horas depois, ampliou o impacto, com analistas prevendo uma desaceleração no comércio global que pode afetar exportadores como o Brasil.


A soja, carro-chefe da pauta brasileira, caiu 2,5% hoje na Bolsa de Chicago, enquanto o minério de ferro, outro pilar das exportações, recuou 1,8% em Qingdao.


No cenário doméstico, o dólar a R$ 5,99 pressiona a inflação e o custo de vida. O petróleo Brent subiu 1,5%, para US$ 83,20 por barril, o que deve encarecer combustíveis no Brasil nas próximas semanas, seguindo a política de paridade internacional da Petrobras.


A cesta básica, que acumula alta de 4,8% em 12 meses até março, segundo o Dieese, pode sofrer novo impacto, especialmente em itens importados como trigo e eletrônicos.


O IPCA, índice oficial de inflação, projetado em 5,68% para 2025 pelo Boletim Focus de ontem, já está acima do teto da meta do Banco Central, de 4,5%, e pode ser revisado para cima na próxima edição.


O Ibovespa acompanhou a tendência global de queda, com perdas lideradas por empresas exportadoras e bancos.


Vale e Petrobras recuaram 2,3% e 1,9%, respectivamente, enquanto Itaú e Bradesco caíram cerca de 1,5%. A combinação de um dólar mais forte e a incerteza externa reduz o apetite por ativos de risco, como ações de mercados emergentes.


O índice chegou a tocar os 123.200 pontos na mínima do dia, o menor patamar desde janeiro, antes de uma leve recuperação no fim da sessão.


Economistas avaliam que a alta do dólar reflete tanto fatores externos quanto fragilidades internas. O déficit fiscal brasileiro, que fechou 2024 em 8,1% do PIB segundo o IBGE, segue como ponto de preocupação para investidores, especialmente após o adiamento da votação do projeto de contenção de gastos no Congresso.


O governo, sob pressão para apresentar medidas fiscais robustas, anunciou hoje um corte de R$ 5 bilhões em despesas discricionárias para 2025, mas a iniciativa foi vista como insuficiente pelo mercado. “O real está refém de um cenário global adverso e de uma política doméstica que não inspira confiança”, disse um gestor ouvido pela Reuters.


A fala de Larry Fink, CEO da BlackRock, ontem, sobre a probabilidade de uma recessão em curso, amplificou os temores. Fink, que comanda a maior gestora de ativos do mundo, sugeriu que as tarifas de Trump podem acelerar uma desaceleração econômica já em andamento nos EUA, maior parceiro comercial do Brasil.


Dados recentes do Federal Reserve mostram que o desemprego americano subiu para 4,3% em março, enquanto a inflação se mantém em 3,1%, acima da meta de 2%, pressionando o Fed a manter os juros entre 5,25% e 5,50%. No Brasil, a Selic, em 10,5%, oferece um diferencial menos atrativo, reduzindo a entrada de capitais.


O impacto no turismo e no consumo já é visível. O dólar turismo fechou a R$ 6,18 nas casas de câmbio de São Paulo, desestimulando viagens internacionais. Agências relatam uma queda de 12% nas reservas para destinos como Miami e Lisboa desde março, segundo a Associação Brasileira de Agências de Viagens.


Em contrapartida, o turismo interno ganha força, com destinos como Florianópolis registrando alta de 10% na procura para o feriado de Páscoa. No varejo, produtos importados como smartphones e roupas devem subir de preço, afetando especialmente a classe média.


No X, a cotação do dólar a R$ 5,99 gerou reações mistas. Usuários escreveram “o tarifaço de Trump vai quebrar o Brasil” e “R$ 6 é o novo normal com esse caos global”, enquanto outros culparam o governo local, com frases como “Lula não faz nada e o dólar explode”.


Esses comentários refletem o clima de apreensão, mas não substituem dados oficiais. O Banco Central deve divulgar amanhã o relatório Focus atualizado, e analistas esperam uma revisão para cima na projeção do dólar para o fim de 2025, que na semana passada estava em R$ 5,98.


A longo prazo, o comportamento do dólar dependerá da escalada das tensões comerciais e da resposta dos bancos centrais.


O Fed pode cortar juros em maio se a recessão se confirmar, mas uma política monetária mais frouxa nos EUA pode não ser suficiente para aliviar a pressão sobre o real, dado o cenário doméstico.


No Brasil, o Copom avalia manter a Selic em maio, mas uma alta não está descartada para conter a inflação importada. O governo chinês, por sua vez, sinalizou que pode adotar medidas de estímulo interno, o que poderia mitigar parte do impacto global.


Enquanto o dólar oscila na faixa de R$ 5,99 a R$ 6,00, o Brasil enfrenta um teste de resiliência. A combinação de um câmbio volátil, inflação em alta e incerteza externa exige respostas rápidas do governo e do Banco Central, mas a margem de manobra é limitada.


Para os brasileiros, o dia termina com a sensação de que os preços no supermercado e os planos de viagem estão cada vez mais atrelados a decisões tomadas em Washington e Pequim, em um mundo onde a estabilidade parece um objetivo distante.

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