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Infartos em Jovens Aumentam 180% no Brasil, Alerta Ministério

Sedentarismo, obesidade, reações e drogas impulsionam crise cardiovascular.


Ilustração | Reprodução
Ilustração | Reprodução

Salvador, 20/05/2025 – O número de internações por infarto entre jovens com menos de 40 anos no Brasil cresceu 180% entre 2000 e 2024, segundo dados do Ministério da Saúde, passando de 1,7 casos por 100 mil habitantes para quase 5.


Esse aumento alarmante, registrado no Sistema Único de Saúde (SUS), reflete uma mudança drástica nos hábitos de vida, com obesidade, sedentarismo, tabagismo, uso de drogas e anabolizantes apontados como principais fatores de risco.


Embora a narrativa oficial atribua o fenômeno a escolhas individuais, especialistas sugerem que fatores socioeconômicos, acesso limitado à saúde preventiva e possíveis impactos da pandemia de Covid-19 também contribuem.


Com doenças cardiovasculares matando cerca de 400 mil pessoas anualmente no país, a alta entre jovens levanta um alerta para a necessidade de prevenção e diagnóstico precoce, especialmente em regiões com menos infraestrutura médica, como o Nordeste.


As doenças cardiovasculares, incluindo o infarto do miocárdio, são a principal causa de morte no Brasil, respondendo por 30% dos óbitos, ou cerca de 350 mil a 400 mil casos por ano. Historicamente associadas a idosos, essas condições agora afetam cada vez mais jovens, com um salto significativo nas últimas duas décadas.


Um levantamento do Ministério da Saúde, destacado em março de 2025, mostra que as internações por infarto em pessoas abaixo de 40 anos no SUS cresceram de 1,7 por 100 mil habitantes em 2000 para 4,9 em 2024.


Entre jovens de 25 a 29 anos, os casos triplicaram, passando de 1,43 para quase 5 por 100 mil, enquanto na faixa de 35 a 39 anos, o aumento foi de 93,5%, de 9,3 para 18 casos por 100 mil. Esses números, que cobrem 70% a 75% dos pacientes do país, sugerem que a situação na rede privada pode ser ainda mais grave.


Os fatores de risco para infartos em jovens são bem documentados. O sedentarismo, presente em 47% dos brasileiros, segundo o IBGE, combinado com a obesidade, que afeta 22% da população adulta, cria um ambiente propício para a aterosclerose, o acúmulo de placas de gordura nas artérias. O consumo de alimentos ultraprocessados, ricos em gordura e açúcar, e o tabagismo, que atinge 12% dos jovens, agravam o quadro.


O uso de drogas, como cocaína, e de anabolizantes, comuns entre praticantes de musculação, também eleva o risco, pois acelera a formação de trombos. O estresse, potencializado por mercados de trabalho competitivos e pressões sociais, contribui para hipertensão e ansiedade, condições que sobrecarregam o coração.


Especialistas destacam que apenas 2% dos brasileiros reconhecem sintomas de infarto, como dor torácica, falta de ar e sudorese, o que atrasa o atendimento e aumenta a letalidade.


A narrativa oficial, centrada em hábitos individuais, merece escrutínio. Embora o estilo de vida seja crucial, fatores estruturais são subnotificados.


No Brasil, o acesso a exames preventivos, como medição de colesterol e glicemia, é limitado em regiões periféricas e no interior, onde centros de saúde muitas vezes carecem de equipamentos e especialistas. O Nordeste, incluindo a Bahia, enfrenta maior mortalidade cardiovascular devido à menor oferta de serviços de emergência, como cateterismo, essencial para tratar infartos agudos.


A desigualdade social também desempenha um papel: trabalhadores informais, que representam 40% da força de trabalho, raramente têm tempo ou recursos para consultas regulares, enquanto a alimentação saudável, rica em frutas e vegetais, é inacessível para muitas famílias de baixa renda.


A pandemia de Covid-19 adicionou uma camada de complexidade. Estudos sugerem que infecções pelo vírus podem causar inflamações nas artérias, aumentando o risco de eventos cardiovasculares mesmo em jovens sem histórico de comorbidades.


Um estudo americano de 2019, publicado no American Journal of Medicine, já apontava um aumento de 2% ao ano em infartos entre pessoas com menos de 40 anos, mas dados brasileiros indicam que, a partir de 2019, o crescimento entre jovens foi o dobro do registrado em faixas etárias mais velhas.


Essa aceleração coincide com o período pós-Covid, levantando hipóteses sobre sequelas cardiovasculares do vírus, embora a causalidade não esteja plenamente estabelecida.


O perfil dos infartos em jovens difere dos casos em idosos. Em pessoas mais velhas, obstruções arteriais graduais permitem o desenvolvimento de circulação colateral, uma rede alternativa de vasos que pode mitigar danos. Jovens, porém, não têm essa proteção, tornando os infartos mais graves e com maior risco de morte súbita.


Sintomas atípicos, como náuseas, tontura ou dores em mandíbula e costas, são mais comuns em jovens e mulheres, dificultando o diagnóstico. Apenas 40% dos jovens com aterosclerose apresentam sintomas claros, segundo um estudo sueco com 25 mil participantes, o que reforça a importância de exames preventivos desde os 20 anos, especialmente para quem tem histórico familiar de doenças cardíacas.


A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) aponta que, entre 1990 e 2019, as mortes por infarto em mulheres de 15 a 49 anos cresceram 62%, com um aumento de 176% na faixa de 50 a 69 anos. Dados de 2024 mostram que 271 mil pessoas morreram por complicações cardiovasculares até setembro, superando em três vezes as mortes por acidentes e violência.


A prevenção, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), poderia evitar 80% dessas mortes com mudanças simples: alimentação equilibrada, 150 minutos semanais de exercícios, controle de colesterol e abandono do tabagismo.


Cardiologistas recomendam check-ups anuais para quem tem fatores de risco, como hipertensão, diabetes ou obesidade, e aferição de pressão arterial e glicemia antes dos 40 anos para todos.


O impacto econômico também é significativo. Internações por infarto custam ao SUS bilhões anualmente, com procedimentos como cateterismo e cirurgias de revascularização sobrecarregando o sistema. Para os jovens, um infarto pode resultar em sequelas, como arritmias ou redução da capacidade cardíaca, limitando a produtividade e aumentando custos com tratamentos contínuos.


A prevenção, embora mais barata, exige políticas públicas robustas, como incentivos fiscais para academias, regulamentação de ultraprocessados e ampliação de unidades de saúde básica, medidas que avançam lentamente no Brasil.


A alta de 180% nos infartos entre jovens é um alerta urgente. Embora a responsabilidade individual seja enfatizada, o problema exige uma abordagem coletiva, com investimentos em saúde pública, educação alimentar e redução das desigualdades.

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