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Dia Mundial da Saúde 2025 Foca em Equidade Global

Tema de 07/04/2025 da OMS destaca acesso igualitário à saúde, em meio a desafios como desigualdade e mudanças climáticas no Brasil e no mundo.


Reprodução
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Genebra, 07/04/2025 – O Dia Mundial da Saúde, celebrado neste domingo, traz como tema central a equidade no acesso aos serviços de saúde, uma prioridade destacada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em um mundo ainda marcado por profundas desigualdades.


Instituída em 1948, a data coincide com a fundação da OMS e, em 2025, busca chamar atenção para as disparidades que persistem entre países ricos e pobres, bem como dentro das próprias nações.


No Brasil, o governo federal anunciou ações para ampliar o atendimento básico, enquanto especialistas alertam que os impactos das mudanças climáticas e da pobreza seguem como barreiras significativas.


A escolha do tema reflete um cenário global em que 4,5 bilhões de pessoas – mais da metade da população mundial – não tinham acesso pleno a serviços essenciais de saúde em 2023, segundo o último relatório da OMS e do Banco Mundial.


Em mensagem oficial, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que a equidade é um direito humano fundamental e que os sistemas de saúde devem ser fortalecidos para atender a todos, independentemente de renda ou localização. A campanha deste ano convida governos e organizações a investir em políticas públicas inclusivas.


No Brasil, o Ministério da Saúde marcou a data com o lançamento de um programa que prevê a construção de 500 novas unidades básicas de saúde (UBS) até 2027, focando em áreas rurais e periferias urbanas.


A iniciativa, anunciada em Brasília, responde a dados do IBGE que mostram que 25% dos brasileiros ainda vivem a mais de 10 quilômetros de um posto de atendimento. O ministro da Saúde, cuja identidade será confirmada em 2025, declarou que o objetivo é reduzir o tempo de espera por consultas e ampliar a cobertura vacinal, que caiu 8% entre 2020 e 2024, segundo o Datasus.


A equidade em saúde no Brasil enfrenta obstáculos históricos. O Sistema Único de Saúde (SUS), criado em 1988, é reconhecido mundialmente por oferecer atendimento gratuito, mas sofre com subfinanciamento crônico.


Em 2024, o orçamento do SUS foi de R$ 170 bilhões, valor que, ajustado pela inflação, representa uma queda real de 3% em relação a 2020, conforme o Conselho Nacional de Saúde. Isso se reflete em filas de espera e na falta de medicamentos em algumas regiões, especialmente no Norte e Nordeste, onde a densidade de médicos por habitante é inferior à média nacional.


As mudanças climáticas emergem como um desafio adicional. O aumento de eventos extremos, como as enchentes que afetaram o Rio Grande do Sul em 2024, deslocando 120 mil pessoas segundo a Defesa Civil, tem sobrecarregado os serviços de saúde locais.


Doenças relacionadas ao clima, como dengue e malária, registraram alta de 15% nos casos entre 2023 e 2024, de acordo com o Ministério da Saúde, pressionando ainda mais o SUS. Especialistas apontam que as populações mais pobres, com menos acesso a saneamento e moradia adequada, são as mais vulneráveis.


A OMS estima que, globalmente, as mudanças climáticas podem causar 250 mil mortes adicionais por ano até 2030, devido a doenças como desnutrição, malária e estresse térmico. No Brasil, o calor recorde de 2024, com temperaturas acima de 40°C em cidades como Cuiabá, já elevou os atendimentos por insolação em 12%, segundo dados preliminares do Datasus. O Dia Mundial da Saúde deste ano destaca a necessidade de integrar políticas ambientais e de saúde para mitigar esses impactos.


A desigualdade de renda também é um fator crítico. No Brasil, os 10% mais ricos têm acesso a planos de saúde privados que cobrem 80% de seus gastos médicos, enquanto os 50% mais pobres dependem exclusivamente do SUS, conforme o IBGE.


Em 2024, a espera média por uma cirurgia eletiva no sistema público foi de 180 dias, contra 15 dias no setor privado, evidenciando o abismo entre os dois modelos. O governo promete reduzir essa disparidade com as novas UBS, mas a execução depende de recursos que ainda não foram totalmente garantidos.


A nível global, a pandemia de Covid-19 deixou lições que ecoam em 2025. Até o fim de 2024, mais de 7 milhões de mortes foram registradas oficialmente, mas a OMS estima que o número real possa ser o dobro, devido a subnotificações em países de baixa renda. A distribuição desigual de vacinas, com nações ricas acumulando doses enquanto outras esperavam, expôs a fragilidade da cooperação internacional.


Hoje, a OMS pressiona por um tratado global de preparação para pandemias, que deve ser discutido na Assembleia Mundial da Saúde em maio.


No Brasil, a cobertura vacinal contra Covid-19 atingiu 85% da população com duas doses até 2024, mas a adesão às doses de reforço caiu para 60%, segundo o Ministério da Saúde. Campanhas lançadas neste Dia Mundial da Saúde buscam reverter essa tendência, com mutirões em cidades como São Paulo e Salvador.


A desinformação, alimentada por redes sociais, segue como um obstáculo, com 22% dos brasileiros entrevistados pelo IBGE em 2024 afirmando que não confiam em vacinas.


A saúde mental também ganhou destaque na agenda de 2025. A OMS relata que a depressão e a ansiedade aumentaram 25% globalmente desde 2020, um reflexo das crises sanitária e econômica.


No Brasil, o atendimento psicológico no SUS é limitado, com apenas 3 mil profissionais para uma demanda estimada em 20 milhões de pessoas, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria. O governo anunciou a contratação de mais psicólogos, mas o déficit permanece um desafio para alcançar as populações mais isoladas.


As reações ao Dia Mundial da Saúde variam. Nas redes sociais, usuários brasileiros postaram mensagens como “saúde é direito, não privilégio” e “o SUS precisa de mais verba já”. Esses comentários refletem um apelo popular por melhorias, mas não substituem dados oficiais.


Organizações como Médicos Sem Fronteiras aproveitaram a data para pedir mais investimento em saúde básica, enquanto o setor privado defende parcerias público-privadas como solução para o financiamento.


O panorama internacional mostra contrastes. Países como Noruega e Japão, com sistemas universais robustos, têm expectativa de vida acima de 83 anos, enquanto no Brasil esse índice é de 76 anos, segundo o IBGE de 2024.


Na África Subsaariana, onde a média é de 61 anos, a OMS concentra esforços para ampliar o acesso à água potável, que ainda não chega a 40% da população. O Brasil, apesar de avanços, tem 33 milhões de pessoas sem saneamento básico, um fator que agrava doenças evitáveis.


A tecnologia oferece esperança e desafios. A telemedicina, que cresceu 300% no Brasil entre 2020 e 2024, segundo a Associação Médica Brasileira, facilita consultas em áreas remotas, mas depende de internet, inacessível para 20% dos brasileiros, conforme o IBGE.


O uso de inteligência artificial para diagnósticos também avança, mas levanta questões éticas sobre privacidade e exclusão digital, temas debatidos na campanha da OMS deste ano.


O Dia Mundial da Saúde de 2025 termina com um chamado à ação. No Brasil, o sucesso das novas UBS dependerá de execução eficiente e do diálogo com estados e municípios, que gerenciam 70% dos serviços do SUS.


Globalmente, a OMS projeta que atingir a cobertura universal até 2030 exigirá US$ 370 bilhões anuais, um investimento que poucos países parecem dispostos a priorizar. Enquanto isso, a data serve como lembrete de que a saúde, como direito, ainda está longe de ser uma realidade para todos.

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