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Manaus Registra 30 Casos de Mpox em 2025, Todos em Homens

Boletim da FVS-RCP aponta surto da doença em pacientes masculinos, principalmente por contato sexual.


Pessoa com varíola dos macacos
Pessoa com varíola dos macacos

Manaus, 29/04/2025 – A cidade de Manaus, capital do Amazonas, confirmou 30 casos de mpox, anteriormente conhecida como varíola dos macacos, em 2025, todos diagnosticados em pacientes do sexo masculino.


Os dados, divulgados no boletim epidemiológico semanal da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP) em 23 de abril, indicam um aumento preocupante na incidência da doença viral, que tem gerado alerta entre autoridades de saúde.



Embora a FVS-RCP não tenha detalhado a gravidade dos casos ou a existência de óbitos, o surto reforça a necessidade de medidas preventivas, como vigilância epidemiológica e campanhas de conscientização, em um momento em que a mpox ressurge globalmente, com destaque para a variante clade Ib na África.


A mpox é uma doença viral causada pelo vírus monkeypox (MPXV), da família Poxviridae, que pode se espalhar por contato próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias ou objetos contaminados. Seus sintomas incluem febre, erupções cutâneas que evoluem para pústulas, dor muscular e inchaço nos gânglios linfáticos.


Embora geralmente mais leve que a varíola, a mpox pode causar complicações graves, como infecções secundárias, encefalite ou danos oculares, especialmente em indivíduos imunocomprometidos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, em 14 de agosto de 2024, que o aumento de casos na República Democrática do Congo (RDC) e em outros países africanos constitui uma emergência de saúde pública de preocupação internacional (PHEIC), devido à rápida disseminação da variante clade Ib, que parece se transmitir mais facilmente por contato sexual.


Em Manaus, os 30 casos confirmados representam um sinal de alerta, especialmente por se concentrarem exclusivamente em homens, sugerindo possíveis padrões de transmissão que ainda não foram detalhados pela FVS-RCP.


O boletim epidemiológico, que abrange o período de 1º de janeiro a 23 de abril de 2025, não especifica se os casos estão ligados à variante clade Ib, predominante na África, ou à clade IIb, responsável pelo surto global de 2022. A ausência de informações sobre óbitos ou hospitalizações no Amazonas contrasta com relatos de outros estados brasileiros, como o Pará, onde postagens em redes sociais mencionam 59 casos e duas mortes em 2025, com 40 casos em Belém.


Essas postagens, embora inconclusivas, indicam que a mpox está se espalhando em outras regiões da Amazônia, aumentando a preocupação com a capacidade de resposta do sistema de saúde.


O Amazonas tem histórico de desafios no enfrentamento de doenças infecciosas, como a dengue e a malária, que sobrecarregam os serviços de saúde. Em 2022, durante o surto global de mpox causado pela clade IIb, o Brasil registrou 10.840 casos confirmados, com 12 óbitos, sendo o segundo país com mais casos, atrás apenas dos Estados Unidos, segundo a OMS.


Manaus, à época, reportou casos esporádicos, mas não um surto significativo. O atual aumento de casos em 2025, concentrado em homens, pode indicar mudanças nos padrões de transmissão, possivelmente ligadas a redes de contato próximo, como observado em surtos anteriores entre homens que fazem sexo com homens (HSH). No entanto, a FVS-RCP não confirmou se os casos atuais estão associados a esse grupo, limitando-se a informar os diagnósticos por sexo.


A nível global, a mpox tem mostrado um ressurgimento preocupante. Em 2024, a África registrou mais de 40.000 casos, com mais de 9.000 confirmados, sendo a RDC o epicentro, com 70% dos casos em crianças menores de 15 anos e 73% em homens, segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC).


A variante clade Ib, identificada em Kamituga, na RDC, em abril de 2024, é particularmente alarmante por sua capacidade de transmissão sustentada entre humanos, especialmente por contato sexual, e por causar lesões predominantemente genitais, dificultando o diagnóstico.


Fora da África, casos importados da clade Ib foram registrados em países como Suécia, Tailândia e Alemanha, mas sem transmissão comunitária significativa. No Brasil, a situação permanece incerta, com poucos dados nacionais consolidados em 2025.


As medidas de controle em Manaus incluem vigilância epidemiológica reforçada, rastreamento de contatos e testes laboratoriais. A FVS-RCP utiliza testes de reação em cadeia da polimerase (PCR) para confirmar casos, realizados em laboratórios de referência, como o Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas (Lacen-AM). A vacinação, uma ferramenta eficaz contra a mpox, ainda é limitada no Brasil.


A vacina JYNNEOS, recomendada pela OMS, está disponível em quantidades restritas e priorizada para grupos de risco, como profissionais de saúde e contatos próximos de casos confirmados. Em 2024, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) facilitou o envio de vacinas para países das Américas, mas o Brasil não divulgou dados sobre a cobertura vacinal contra mpox em 2025.


A resposta à mpox em Manaus enfrenta obstáculos logísticos e estruturais. A cidade, localizada no coração da Amazônia, tem acesso limitado a serviços de saúde em áreas periféricas e rurais, onde a infraestrutura é precária. Além disso, a estigmatização da doença, associada a grupos específicos como HSH, pode desencorajar a busca por diagnóstico e tratamento, como observado durante o surto de 2022.


A OMS recomenda campanhas de comunicação para reduzir o estigma, enfatizando que a mpox pode afetar qualquer pessoa, independentemente de orientação sexual ou gênero. No Amazonas, a FVS-RCP tem orientado a população a evitar contato com lesões, lavar as mãos frequentemente e usar máscaras em caso de sintomas respiratórios, mas ainda não lançou uma campanha específica para o surto atual.


O impacto socioeconômico da mpox também é uma preocupação. Manaus, um polo industrial e comercial, depende de atividades que exigem interação social, como o comércio e o turismo. A interrupção dessas atividades, caso o surto se agrave, pode afetar a economia local, já fragilizada por crises anteriores, como a pandemia de Covid-19.


Além disso, a proximidade de Manaus com áreas de floresta aumenta o risco de transmissão zoonótica, embora não haja evidências de que os casos atuais sejam de origem animal. A OMS alerta que a destruição de habitats naturais, como a Amazônia, facilita o contato entre humanos e reservatórios do vírus, como roedores e primatas, potencializando surtos.


A nível nacional, o Ministério da Saúde ainda não se pronunciou sobre o surto em Manaus, mas o Brasil mantém um sistema de vigilância para doenças emergentes, coordenado pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS). Em 2022, o país implementou medidas bem-sucedidas, como rastreamento de contatos e isolamento de casos, que ajudaram a conter o surto de clade IIb.


A experiência adquirida pode ser aplicada agora, mas a falta de informações detalhadas sobre a variante circulante em Manaus dificulta a elaboração de estratégias específicas.


Especialistas consultados pela OMS sugerem que a clade Ib, se presente, exigiria uma resposta mais agressiva, incluindo vacinação em massa e quarentena de contatos.


A situação no Pará, mencionada em postagens nas redes sociais, serve como um alerta para o Amazonas. Os 59 casos confirmados no estado vizinho, com duas mortes, indicam que a mpox pode se espalhar rapidamente em áreas urbanas densas, como Belém e Manaus. A proximidade geográfica e o intenso fluxo de pessoas entre as duas capitais, por vias fluviais e aéreas, aumentam o risco de disseminação regional.


A COP30, evento climático previsto para 2025 em Belém, também foi citada como um fator de preocupação, devido ao potencial de amplificação de surtos durante grandes aglomerações.


O futuro do surto em Manaus dependerá da rapidez e eficácia das medidas de contenção. A FVS-RCP planeja intensificar a capacitação de profissionais de saúde para identificar casos suspeitos e acelerar a notificação. A colaboração com a OPAS e o Ministério da Saúde será crucial para garantir o fornecimento de vacinas e insumos diagnósticos.


Além disso, a transparência na divulgação de dados, como a identificação da variante circulante e os perfis epidemiológicos dos pacientes, é essencial para evitar pânico e desinformação. A experiência global com a mpox mostra que a combinação de vigilância, vacinação e educação pública pode controlar surtos, mas a demora na resposta pode agravar a situação, como visto na RDC.

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