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TSE Planeja Destruir 195 mil Urnas Eletrônicas de R$ 780 milhões

Tribunal inicia descarte de equipamentos obsoletos usados até 2020.


TSE | Reprodução
TSE | Reprodução

Brasília, 2 de março de 2025 – O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anunciou que vai destruir 195 mil urnas eletrônicas a partir de abril de 2025, marcando o início de um amplo processo de renovação tecnológica do sistema de votação brasileiro.


Os equipamentos, fabricados entre 2006 e 2012 e utilizados em eleições até 2020, foram considerados obsoletos pelo tribunal, conforme comunicado ao portal Metrópoles em 26 de fevereiro. A medida visa substituir essas urnas por modelos mais modernos, garantindo a segurança e a eficiência do processo eleitoral, e será executada ao longo do ano, com conclusão prevista para dezembro de 2025.


A decisão foi formalizada em uma nota técnica publicada pelo TSE em 28 de fevereiro, que detalha os motivos do descarte. As 195 mil urnas, que correspondem a aproximadamente 35% do total de 557 mil dispositivos disponíveis nas eleições de 2022, atingiram o fim de sua vida útil, estimada entre 10 e 12 anos. Esses modelos antigos, identificados como versões 2006, 2008, 2009 e 2012, não possuem tecnologias atuais como biometria avançada, telas sensíveis ao toque de alta resolução ou sistemas de segurança mais robustos, características presentes nas urnas de 2020 e 2022, fabricadas pela Positivo Tecnologia. “A modernização é essencial para manter a confiabilidade e a agilidade do sistema que tornou o Brasil referência em eleições eletrônicas”, afirmou o TSE em nota oficial.


O processo de descarte será conduzido de forma gradual, começando em abril com a triagem dos equipamentos nos depósitos regionais dos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) em todo o país. As urnas serão encaminhadas a empresas especializadas em reciclagem de resíduos eletrônicos, contratadas pelo TSE, que triturarão os componentes e separarão materiais como plástico, metal e placas eletrônicas para reaproveitamento. O tribunal segue as diretrizes do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) para garantir que o descarte seja ambientalmente responsável, evitando que toneladas de lixo eletrônico sejam despejadas em aterros sem tratamento adequado. “Nosso objetivo é dar um destino sustentável a esses equipamentos, ao mesmo tempo em que protegemos a integridade do sistema eleitoral”, disse um porta-voz do TSE ao jornal O Globo.


O custo histórico dessas 195 mil urnas, adquiridas entre 2006 e 2012, foi de cerca de R$ 780 milhões, com cada unidade valendo, em média, R$ 4 mil na época da compra, ajustados à inflação da época. O orçamento para o descarte ainda não foi detalhado, mas será financiado pelo TSE com recursos do Fundo Especial de Financiamento da Justiça Eleitoral, que em 2024 destinou R$ 5,1 bilhões às operações do tribunal, incluindo manutenção e modernização tecnológica. A destruição também tem um objetivo de segurança: evitar que urnas antigas sejam revendidas ou reutilizadas de forma irregular, o que poderia comprometer dados sensíveis ou gerar especulações sobre o processo eleitoral, um tema sensível desde as eleições de 2022.


A modernização das urnas eletrônicas não é novidade no Brasil. Desde a introdução do sistema em 1996, o TSE substitui equipamentos periodicamente para acompanhar avanços tecnológicos e atender às demandas de um eleitorado que ultrapassa 156 milhões de pessoas, conforme o cadastro de 2024. Em 2015, por exemplo, cerca de 80 mil urnas dos modelos 1996 e 2004 foram descartadas, e entre 2018 e 2020, outros lotes menores foram retirados de circulação. A aquisição de 225 mil urnas novas em 2022, fabricadas em Ilhéus (BA) e Manaus (AM), foi um marco recente, permitindo que as eleições daquele ano fossem realizadas com um mix de equipamentos novos e antigos. “As urnas de 2006 a 2012 foram fundamentais por mais de uma década, mas hoje não suportam os requisitos de cibersegurança e desempenho que exigimos”, explicou Giuseppe Janino, ex-secretário de Tecnologia da Informação do TSE, em entrevista à CNN Brasil.


O descarte das 195 mil urnas não impactará as eleições municipais de 2026, já que o TSE mantém um estoque de 362 mil urnas mais recentes, fabricadas entre 2020 e 2022, suficiente para atender os 460 mil locais de votação no país. Cada urna suporta até 400 eleitores, cobrindo plenamente o contingente de votantes registrados. Além disso, o tribunal garante que os equipamentos antigos não armazenam dados de eleições passadas após a transmissão dos resultados, realizada por mídias externas criptografadas, como pen drives, enviadas aos TREs logo após o encerramento da votação. “O que será destruído é apenas o hardware, sem risco de perda de informações ou comprometimento da transparência”, reforçou Janino, desmentindo especulações sobre supostas tentativas de ocultar registros eleitorais.


A notícia, porém, reacendeu debates nas redes sociais e entre políticos da oposição. Postagens no X questionam o timing do descarte, com frases como “Por que agora, logo após as eleições?” e “O que o TSE está escondendo?”. Parlamentares como Marcel van Hattem (Novo-RS) e Zucco (PL-RS) sinalizaram que podem pedir esclarecimentos ao tribunal, embora não apresentem evidências de irregularidades.


O TSE respondeu que o processo é parte de um ciclo planejado há anos e que a substituição gradual já estava prevista desde a compra das urnas mais recentes em 2022. “Não há nada de excepcional nisso. É uma prática rotineira que já fizemos antes”, afirmou um porta-voz ao portal G1, citando o descarte de 2015 como exemplo.


A execução do plano envolverá logística complexa. As urnas estão armazenadas em cerca de 3 mil depósitos espalhados pelo Brasil, desde grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro até cidades menores no interior do Amazonas e do Acre. O transporte para as empresas recicladoras será feito em lotes, com acompanhamento de agentes do TSE e da Polícia Federal em algumas etapas, para garantir a segurança do processo. Após a trituração, os materiais reciclados – como plásticos para novos produtos e metais como alumínio e cobre – serão reintegrados à cadeia produtiva, enquanto componentes eletrônicos sensíveis, como processadores, serão destruídos para evitar reutilização indevida.


O anúncio do TSE ocorre em um momento de atenção renovada ao sistema eleitoral brasileiro, que é referência mundial por sua rapidez e confiabilidade, mas também alvo de controvérsias desde as eleições presidenciais de 2022. A modernização tecnológica é vista como essencial para manter a credibilidade do processo, especialmente diante de avanços em cibersegurança e da necessidade de atender a um eleitorado cada vez mais exigente. Enquanto o descarte das 195 mil urnas avança, o tribunal planeja nova licitação em 2026 para adquirir mais equipamentos, mirando as eleições gerais de 2030, consolidando um ciclo contínuo de atualização que começou há quase três décadas.

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