Zuckerberg Acusa Governo Biden-Harris de Pressionar Censura no Facebook
- Editorial O Bahia Post
- 28 de mar.
- 5 min de leitura
CEO do Meta diz que verdades sobre vacinas foram suprimidas.

São Paulo, 28 de março de 2025 – Mark Zuckerberg, fundador do Facebook e CEO da Meta, voltou a criticar o governo Biden-Harris por supostamente pressionar a plataforma a censurar conteúdo relacionado às vacinas contra a COVID-19 durante a pandemia.
Em declarações recentes, Zuckerberg afirmou que autoridades americanas “pressionaram muito” sua equipe para remover postagens, incluindo informações que ele descreveu como “honestamente verdadeiras”, como discussões sobre efeitos colaterais das vacinas.
A denúncia, que ganhou destaque em uma entrevista ao podcast “The Joe Rogan Experience” em janeiro, foi reiterada esta semana, reacendendo debates sobre liberdade de expressão e o papel das redes sociais na crise sanitária.
Zuckerberg, cuja empresa controla o Facebook, Instagram e WhatsApp, disse que o governo Biden-Harris exigiu a remoção de qualquer conteúdo que sugerisse riscos associados às vacinas, mesmo quando baseado em fatos.
“Eles basicamente nos pressionaram e disseram que qualquer coisa que dissesse que vacinas podem ter efeitos colaterais, você precisa derrubar,” declarou ele, conforme reportado na entrevista amplamente compartilhada.
Ele destacou que a pressão incluiu até pedidos para suprimir memes e sátiras, algo que a Meta nem sempre acatou, mas que gerou tensões com a administração democrata.
O contexto remonta a 2021, auge da campanha de vacinação nos EUA sob o governo de Joe Biden, que deixou o cargo em 20 de janeiro de 2025, sucedido por Donald Trump. Na época, a Casa Branca intensificou esforços para combater a desinformação online sobre a COVID-19, que autoridades de saúde consideravam um obstáculo à adesão às vacinas.
Em julho daquele ano, Biden chegou a dizer que plataformas como o Facebook estavam “matando pessoas” ao permitir a circulação de informações falsas, uma declaração que ele suavizou dias depois.
A Meta respondeu expandindo suas políticas de moderação, removendo mais de 20 milhões de postagens entre 2020 e 2021, segundo dados divulgados na época.
As alegações de Zuckerberg não são novas. Em agosto de 2024, ele enviou uma carta ao Comitê Judiciário da Câmara dos EUA, presidido pelo republicano Jim Jordan, admitindo que o governo Biden “pressionou repetidamente” o Facebook por meses para censurar conteúdos, incluindo humor e sátira.
Na carta, ele expressou arrependimento por não ter resistido mais abertamente e prometeu que a Meta “empurraria para trás” caso enfrentasse pressões semelhantes no futuro. A entrevista com Joe Rogan, gravada em janeiro de 2025 e publicada dias depois, ampliou essas críticas, com Zuckerberg detalhando como funcionários do governo “gritavam e xingavam” sua equipe para exigir remoções, inclusive de informações verdadeiras sobre efeitos colaterais.
A FDA, agência regulatória americana, reconheceu em 2021 que vacinas como a da Johnson & Johnson tinham efeitos colaterais comuns, como dores de cabeça, fadiga e febre, além de raros casos de coágulos sanguíneos.
Apesar disso, as vacinas foram amplamente creditadas por salvar milhões de vidas durante a pandemia, com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontando mais de 20 milhões de mortes evitadas globalmente até 2022.
Zuckerberg, na entrevista, disse ser “pró-vacinas” em geral, mas criticou a pressão para silenciar debates legítimos, afirmando: “Eles nos pressionaram muito para derrubar coisas que eram honestamente verdadeiras.”
A denúncia ganhou tração entre conservadores nos EUA, especialmente após a posse de Trump, que tem defendido a liberdade de expressão online como uma bandeira de seu governo. Republicanos, como a deputada Nancy Mace, usaram as declarações de Zuckerberg para reforçar narrativas de que o governo Biden-Harris violou direitos constitucionais ao coagir empresas privadas a censurar cidadãos.
Em um post no X em 17 de março, Mace escreveu: “Zuckerberg admitiu que o governo Biden ‘gritou e xingou’ a Meta para censurar posts. A compra do X por Elon Musk foi uma vitória para a liberdade de fala.”
A Meta, sob pressão pública e política, anunciou em janeiro de 2025 o fim de seu programa de checagem de fatos independente nos EUA, substituindo-o por um sistema de “Notas da Comunidade” inspirado no X, onde usuários podem sinalizar conteúdos enganosos.
A mudança foi vista como uma resposta às críticas de censura e um esforço de Zuckerberg para reposicionar a empresa como neutra em disputas ideológicas, especialmente após a eleição de Trump, com quem ele buscou melhorar relações – incluindo uma doação de 1 milhão de dólares ao comitê inaugural do presidente, segundo relatos da imprensa americana.
No Brasil, onde o Facebook segue sendo uma das plataformas mais usadas, com cerca de 130 milhões de usuários ativos, as declarações de Zuckerberg ecoaram entre grupos críticos às políticas da pandemia. Posts no X em português, como um de @NoticiasTavares em 24 de março, afirmaram que “Zuckerberg admitiu que suas redes promoveram censura injusta a pedido de Biden,” comparando o sistema de checagem de fatos ao livro “1984” de George Orwell. Outro usuário, @nineborg, escreveu em janeiro que o governo americano “queria censurar até memes,” refletindo o sentimento de desconfiança em relação às big techs e governos.
A Casa Branca, durante o governo Biden, defendeu sua abordagem, argumentando que buscava proteger a saúde pública em meio a uma pandemia que matou mais de 1 milhão de americanos até 2022.
Em resposta à carta de Zuckerberg em 2024, um porta-voz disse que a administração “encorajou ações responsáveis” das empresas de tecnologia, mas que as decisões de moderação eram das plataformas. Desde a posse de Trump, o governo atual não comentou oficialmente as alegações, mas a retórica da Casa Branca sob a nova gestão tem enfatizado a redução da influência federal sobre o setor privado.
O impacto das declarações de Zuckerberg vai além da política. A indústria de tecnologia enfrenta um escrutínio crescente sobre como equilibra liberdade de expressão e responsabilidade social. Durante a pandemia, o Facebook removeu conteúdos que alegavam que a COVID-19 era fabricada em laboratório, uma teoria inicialmente descartada, mas que ganhou credibilidade parcial em 2023 com relatórios do Departamento de Energia e do FBI sugerindo um possível vazamento em Wuhan, na China.
Essas revelações alimentaram críticas de que a censura inicial suprimiu debates legítimos, um ponto que Zuckerberg agora ecoa.
A transição para o sistema de “Notas da Comunidade” reflete uma mudança estratégica da Meta, mas também levanta questões sobre a eficácia de deixar a moderação nas mãos dos usuários. Críticos apontam que isso pode abrir espaço para desinformação em massa, enquanto defensores, como Elon Musk, que transformou o X em um modelo semelhante, veem-no como um avanço democrático.
No Brasil, onde a desinformação sobre vacinas já causou hesitação em campanhas como a da dengue, o modelo pode ter implicações significativas se adotado localmente.
Até agora, a Meta não detalhou quais postagens específicas foram removidas sob pressão do governo Biden-Harris, e Zuckerberg não apresentou evidências além de suas declarações. A história, no entanto, continua a reverberar, com implicações para o futuro da regulação digital e para a confiança nas redes sociais em um mundo pós-pandemia.