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Brasil pode Enfrentar Estagflação em 2025, Alerta UBS BB

Atualizado: 23 de fev.

Economistas preveem PIB de 1,3% e inflação acima da meta com juros altos.


	Sede do Banco Central | Poder 360
Sede do Banco Central | Poder 360

São Paulo, 23 de fevereiro de 2025 – O Brasil pode estar caminhando para um cenário de estagflação em 2025, segundo análise divulgada por economistas do UBS BB. O banco projeta um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de somente 1,3%, bem abaixo das expectativas de consenso do mercado, que giram em torno de 2%. Ao mesmo tempo, a inflação deve permanecer acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), forçando o Banco Central (BC) a manter uma política de juros elevados em meio a uma desaceleração econômica.


Estagflação é um fenômeno econômico caracterizado pela combinação de baixo crescimento e inflação persistente, um desafio que dificulta a aplicação de políticas monetárias e fiscais tradicionais. Segundo os economistas do UBS BB, liderados por Alexandre de Ázara, o Brasil pode enfrentar essa situação devido a uma deterioração de indicadores econômicos recentes e à pressão inflacionária que não dá sinais de arrefecimento.


O relatório aponta que o PIB de 1,3% reflete uma economia em desaceleração, impactada por fatores como a redução do consumo das famílias, menor apetite por investimentos e um cenário fiscal ainda incerto. Enquanto isso, a inflação acima da meta – fixada em 3% com tolerância de 1,5 ponto percentual, ou seja, até 4,5% – deve manter o Banco Central em modo restritivo, com a taxa Selic projetada para alcançar níveis mais altos ao longo do ano.


A economia brasileira vinha de um desempenho surpreendente em 2024, com crescimento estimado entre 3,5% e 3,8%, impulsionado por setores como serviços e indústria. No entanto, os ventos favoráveis de estímulos fiscais e consumo robusto parecem estar perdendo força. O UBS BB destaca que os dados de novembro e dezembro de 2024 já mostraram sinais preocupantes, como vendas no varejo e produção industrial abaixo do esperado, além de uma criação de empregos aquém das projeções.


A combinação desses fatores com uma inflação resiliente – puxada por preços de alimentos, energia e câmbio volátil – cria um ambiente de incerteza. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, deve ultrapassar o teto da meta de 4,5% ao menos até meados de 2026, segundo o banco, dificultando uma convergência para o centro da meta de 3% no curto prazo.


Diante desse cenário, o Banco Central deve manter uma postura firme. O UBS BB prevê que a Selic, atualmente em 13,25% ao ano, pode subir ainda mais, com aumentos de até 100 pontos-base nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). “A desaceleração econômica não será suficiente para aliviar a pressão inflacionária rapidamente”, afirma o relatório, sugerindo que cortes de juros só devem ocorrer em 2026, caso as condições permitam.


Essa política monetária restritiva, embora necessária para ancorar as expectativas de inflação, tende a agravar a desaceleração, encarecendo o crédito e desestimulando investimentos. O banco estima que o crescimento dos investimentos produtivos em 2025 ficará em somente 0,5%, contra 7% em 2024, refletindo os efeitos das taxas de juros reais mais altas e da instabilidade cambial.


Imagine um trabalhador que vê o salário perder valor com a inflação, enquanto as perspectivas de aumento ou novos empregos diminuem. Para as empresas, o custo do crédito sobe, adiando expansões ou contratações. Esse é o retrato da estagflação – um ciclo que exige equilíbrio delicado entre controle de preços e estímulo à economia.


A projeção do UBS BB gerou ecos no mercado financeiro. Indicadores de confiança, tanto de consumidores quanto de empresários, já registraram quedas em janeiro de 2025, refletindo pessimismo diante das perspectivas econômicas. O real, que chegou a R$ 6,20 por dólar no início do ano, enfrenta pressão adicional, o que pode encarecer importações e alimentar ainda mais a inflação.


Especialistas ouvidos pelo banco apontam que a estagflação não implica uma recessão – caracterizada por crescimento negativo –, mas sim um período prolongado de baixo desempenho econômico. “O Brasil não está entrando em colapso, mas em uma fase de estagnação que pode durar até 2026 se não houver ajustes”, avalia um analista do UBS BB.


O governo enfrenta um dilema: estimular a economia sem agravar o quadro fiscal, já pressionado por um déficit primário elevado. Medidas como aumento de gastos públicos podem impulsionar o PIB no curto prazo, mas arriscam desancorar as expectativas inflacionárias, exigindo juros ainda mais altos do BC.


Por outro lado, o Banco Central terá de calibrar sua política monetária com precisão. A manutenção de juros elevados protege contra a inflação, mas pode aprofundar a desaceleração, afetando setores dependentes de crédito, como construção civil e varejo. A solução, segundo o UBS BB, passa por reformas estruturais que melhorem a produtividade e restaurem a confiança dos investidores, algo que exige coordenação política em um cenário de incertezas globais.


O alerta do UBS BB coloca o Brasil diante de um 2025 desafiador. Com um PIB projetado em 1,3%, inflação acima da meta e juros altos, a economia pode entrar em uma fase de estagflação que testará a resiliência de empresas e famílias. Enquanto o Banco Central busca conter os preços, o governo precisará encontrar caminhos para reativar o crescimento sem comprometer a estabilidade. O sucesso dessa empreitada determinará se o país conseguirá evitar um período prolongado de estagnação ou se 2025 marcará o início de uma recuperação mais robusta.



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