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Cotação do Dólar Hoje Sobe para R$ 5,87 no Brasil

Dólar comercial avança 0,6% em meio a incertezas globais e ajustes fiscais locais, segundo o Banco Central.


Reprodução
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São Paulo, 07/04/2025 – O dólar comercial encerrou o dia em alta nesta segunda-feira, cotado a R$ 5,87 na venda, um avanço de 0,6% em relação ao fechamento de sexta-feira, conforme dados do Banco Central do Brasil.


A valorização da moeda americana reflete uma combinação de fatores globais, como a persistente busca por ativos seguros diante de tensões comerciais internacionais, e questões domésticas, incluindo o debate sobre o ajuste fiscal no Congresso. O real, que vinha de uma leve recuperação na semana passada, voltou a perder terreno, mantendo o mercado financeiro em estado de alerta.


A sessão começou com o dólar oscilando próximo de R$ 5,84, mas a moeda ganhou força ao longo do dia, impulsionada por notícias de novas tarifas comerciais anunciadas pelos Estados Unidos. Desde a posse de Donald Trump em 20 de janeiro de 2025, as políticas protecionistas americanas têm elevado a demanda pelo dólar como refúgio seguro, um movimento que pressiona moedas de países emergentes como o Brasil. Analistas do mercado apontam que a incerteza sobre o impacto dessas tarifas nas exportações brasileiras, especialmente de commodities como soja e carne, contribuiu para a alta.


No cenário interno, o governo brasileiro enfrenta dificuldades para aprovar medidas de contenção fiscal no Congresso. O projeto de lei que visa limitar o crescimento dos gastos públicos, apresentado em março, ainda não foi votado, gerando preocupações entre investidores sobre a sustentabilidade das contas públicas. O déficit fiscal, que alcançou 8,1% do PIB em 2024 segundo o IBGE, segue como um ponto de atrito, alimentando a percepção de risco e afastando capitais estrangeiros. Isso, por sua vez, pressiona a cotação do real frente ao dólar.


O Banco Central interveio no mercado pela manhã, oferecendo US$ 500 milhões em contratos de swap cambial para conter a volatilidade, mas a medida teve efeito limitado. A taxa de câmbio atingiu o pico de R$ 5,89 às 15h30, antes de recuar ligeiramente no fechamento. Operadores relatam que o volume de negócios foi elevado, com investidores ajustando posições diante das incertezas. O índice Bovespa, principal termômetro da bolsa brasileira, caiu 1,2%, fechando em 126.800 pontos, refletindo o mau humor generalizado.


A alta do dólar hoje também foi influenciada por dados econômicos internacionais. Nos Estados Unidos, os juros básicos permanecem entre 5,25% e 5,50%, conforme decisão do Federal Reserve em março, atraindo capitais para títulos do Tesouro americano. Em contraste, a taxa Selic no Brasil, mantida em 10,5% pelo Copom na última reunião, oferece um diferencial menos atrativo do que em anos anteriores, reduzindo o interesse de investidores estrangeiros em ativos locais. Esse desequilíbrio tem sido um fator estrutural na depreciação do real desde o início de 2025.


O impacto da cotação do dólar no dia a dia dos brasileiros é imediato. O preço do petróleo, negociado em dólares, subiu 2% no mercado internacional, para US$ 82 por barril, o que deve encarecer os combustíveis nas próximas semanas. A Petrobras, que segue a política de paridade internacional, já sinalizou um possível reajuste nos preços da gasolina e do diesel, afetando o custo de transporte e, consequentemente, o valor de produtos básicos. A cesta básica, que subiu 4,2% em São Paulo em março segundo o Dieese, pode enfrentar nova pressão inflacionária.


Empresas exportadoras, como as do setor de agronegócio, podem se beneficiar da alta do dólar. A soja, principal produto de exportação do Brasil, teve seu preço em reais elevado em 1,8% hoje, segundo a Esalq/USP, mas os ganhos são parcialmente compensados pelo aumento dos custos de insumos importados, como fertilizantes. Já as indústrias que dependem de componentes estrangeiros, como a de eletrônicos, enfrentam margens mais apertadas, com repasses inevitáveis ao consumidor final.


No mercado de turismo, o dólar mais caro já reflete nas cotações do dólar turismo, que fechou em R$ 6,05 nas casas de câmbio de São Paulo. Agências de viagem relatam uma queda de 10% nas reservas para destinos internacionais desde o início do ano, enquanto o turismo doméstico ganha força. Um levantamento da Abav mostra que cidades como Gramado e Fortaleza registraram aumento de 15% na procura por pacotes para o feriado de Páscoa, um sinal de que os brasileiros estão ajustando planos diante da moeda americana mais valorizada.


A percepção pública sobre o dólar também é visível nas redes sociais. No X, usuários comentaram a alta com frases como “o dólar a R$ 5,87 é o fim do churrasco com importados” e “o real tá mais fraco que promessa de político”.

Embora esses relatos sejam informais, eles indicam uma crescente preocupação com o poder de compra, especialmente entre a classe média, que sente o impacto em produtos como eletrônicos e roupas importadas.


Historicamente, o real tem enfrentado períodos de volatilidade em momentos de incerteza global. Em 2022, durante a crise pós-pandemia, o dólar chegou a R$ 5,70, mas recuou em 2023 com a entrada de capitais estrangeiros atraídos pelo início do governo Lula. Agora, em 2025, o cenário é mais complexo, com a combinação de políticas externas agressivas e fragilidades internas. Comparado a outras moedas emergentes, como o peso mexicano (cotado a 20,50 por dólar) e o rand sul-africano (18,90), o real apresenta desempenho mediano, mas ainda longe de uma recuperação sustentável.


O Banco Central deve divulgar amanhã o relatório Focus, que compila as projeções de economistas para o câmbio. Na última edição, de 31 de março, a mediana apontava o dólar a R$ 5,90 no fim de 2025, sugerindo que o mercado já antecipava uma depreciação gradual. A próxima reunião do Copom, marcada para maio, será crucial para definir se a Selic será ajustada para conter a saída de capitais, mas analistas divergem sobre a eficácia de uma alta de juros em um contexto de inflação global persistente.


A longo prazo, o comportamento do dólar dependerá de fatores como a política monetária americana e a capacidade do Brasil de aprovar reformas estruturais. A equipe econômica, liderada por Fernando Haddad, trabalha em um pacote de estímulo ao consumo interno, estimado em R$ 30 bilhões, mas a liberação desses recursos enfrenta resistência no Congresso. Enquanto isso, o mercado financeiro mantém cautela, com operadores projetando o dólar entre R$ 5,85 e R$ 5,95 até o fim de abril, salvo eventos inesperados.


A alta de hoje também reflete o desempenho de outras moedas. O euro, cotado a R$ 6,42, subiu 0,4%, enquanto a libra esterlina avançou 0,5%, para R$ 7,50, segundo o Banco Central. Esses movimentos indicam uma tendência de fortalecimento das moedas de economias desenvolvidas frente às emergentes, um padrão que se intensificou desde o início do ano. No mercado futuro, os contratos de dólar para maio fecharam em R$ 5,91, sinalizando expectativas de pressão contínua sobre o real.


Para os brasileiros, o dólar a R$ 5,87 é mais do que um número: é um reflexo de desafios econômicos que vão além das flutuações diárias. A inflação, que acumula 4,8% em 12 meses até março segundo o IBGE, pode acelerar com a moeda mais cara, reduzindo o poder de compra. O desemprego, estabilizado em 7,9% no último trimestre de 2024, também pode ser afetado caso as exportações não compensem os custos importados. O governo promete medidas para mitigar esses efeitos, mas a resposta do mercado será o verdadeiro teste.


Enquanto o dia termina, o dólar segue como termômetro da economia global e local. Sua cotação, influenciada por decisões em Washington e Brasília, continuará a moldar o cotidiano do Brasil, dos preços no supermercado às escolhas de viagem. Por ora, o real resiste como pode, mas o horizonte permanece incerto, com investidores e cidadãos atentos ao próximo capítulo dessa dinâmica cambial.

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