Globo Obtém Penhora de Bens do Fundador da Ricardo Eletro, Ricardo Nunes, em Meio a Dívida de R$ 148,3 Milhões
- Editorial O Bahia Post
- 20 de fev.
- 3 min de leitura
Decisão judicial autoriza retenção de 30% da renda do empresário e exige apresentação de documentos de veículo de luxo, enquanto emissora busca rastrear ativos ocultos para garantir o pagamento da dívida.

A batalha judicial entre a Rede Globo e Ricardo Rodrigues Nunes, fundador da Ricardo Eletro, ganha um novo capítulo com a decisão favorável à emissora de penhorar bens do empresário. A medida visa garantir o pagamento de uma dívida que se arrasta desde 2018 e que, em valores atualizados, alcança a cifra de R$ 148,3 milhões.
A informação, divulgada pela coluna Painel S.A da Folha de S.Paulo, detalha que o juiz Carlos Alexandre Aiba Aguemi determinou a retenção de 30% da renda obtida por Nunes em suas atividades atuais como coach, palestrante e treinador. Além disso, o magistrado ordenou que o empresário apresente, em um prazo de 15 dias, o documento de seu veículo Mercedes-Benz G-63 e informe sua localização, sob pena de ser considerado em desrespeito à Justiça.
O imbróglio judicial iniciou-se em 2018, quando a Globo acionou Ricardo Rodrigues Nunes devido a dívidas não quitadas. Na época, o valor inicial da pendência era de R$ 6 milhões. No entanto, com a correção monetária e os juros acumulados ao longo dos anos, a dívida saltou para R$ 148,3 milhões.
A emissora alega que Nunes tem se esforçado para ocultar patrimônio, dificultando o pagamento da dívida. Diante dessa suspeita, a Globo tem buscado meios de rastrear os ativos do empresário, a fim de garantir a execução da sentença.
Em uma medida que demonstra a complexidade da busca por bens, a Globo obteve autorização judicial para solicitar informações de grandes plataformas de streaming de filmes e músicas, além de sites de compras. O objetivo era verificar se Nunes possui ou já teve contas nessas empresas, visando obter dados como endereços cadastrados, formas de pagamento utilizadas e os titulares das contas e, desta forma, identificar ativos do empresário.
Essa estratégia ousada revela a determinação da emissora em localizar bens que possam ser utilizados para quitar a dívida milionária. A busca por informações em plataformas digitais também demonstra a adaptação das ferramentas de investigação judicial à realidade da economia digital, onde ativos podem ser facilmente ocultados ou transferidos.
A situação financeira da Ricardo Eletro, empresa fundada por Ricardo Rodrigues Nunes, também é um fator relevante nesse imbróglio. A empresa entrou em recuperação extrajudicial em 2018 e, posteriormente, em recuperação judicial em 2020. No entanto, a decisão foi revertida, indicando a instabilidade e as dificuldades enfrentadas pela empresa nos últimos anos.
A crise da Ricardo Eletro, que já foi uma das maiores redes de varejo de eletrodomésticos do Brasil, reflete um cenário desafiador para o setor, marcado pela concorrência acirrada, a retração do consumo e as mudanças nos hábitos dos consumidores. A empresa tem buscado renegociar dívidas e reestruturar suas operações para tentar se recuperar e voltar a crescer.
Em nota divulgada por sua assessoria, Ricardo Nunes nega que tenha qualquer pendência financeira com a Rede Globo. "Ele não tem nenhuma responsabilidade ou vínculo com a administração e decisões financeiras da Ricardo Eletro desde que se desligou da empresa", afirma o comunicado.
A defesa de Nunes busca desvincular o empresário das dívidas da Ricardo Eletro, argumentando que ele não possui mais controle sobre as decisões financeiras da empresa. No entanto, a Globo sustenta que Nunes tem responsabilidade pessoal sobre a dívida, justificando a busca por seus bens e a decisão de penhorar parte de sua renda.
A decisão judicial de penhorar bens de Ricardo Nunes tem importantes implicações jurídicas e financeiras. A medida representa um avanço significativo para a Globo na busca pelo recebimento da dívida, mas também coloca o empresário em uma situação delicada, com parte de sua renda comprometida e seu patrimônio sob risco de ser liquidado para quitar o débito.
O caso também serve de alerta para outros empresários e empresas que possuem dívidas em aberto, demonstrando que a Justiça tem se mostrado cada vez mais rigorosa na busca pelo cumprimento das obrigações financeiras. A utilização de ferramentas de investigação sofisticadas, como a busca por informações em plataformas digitais, indica não haver mais espaço para ocultar ativos e evitar o pagamento de dívidas.
A novela judicial entre a Globo e Ricardo Nunes continua a render novos capítulos, com a decisão de penhorar bens do empresário representando um momento crucial na busca pelo pagamento da dívida milionária. O caso expõe os desafios enfrentados pelas empresas e empresários em um cenário econômico instável, marcado pela concorrência acirrada e as dificuldades financeiras.
À medida que o processo avança, resta aguardar os próximos desdobramentos e acompanhar se a Globo conseguirá, de fato, reaver os valores devidos. O caso serve como um lembrete de que o cumprimento das obrigações financeiras é fundamental para a saúde das empresas e para a manutenção da credibilidade no mercado.