Novo Coronavírus HKU5-CoV-2 em Morcegos na China: Potencial de Transmissão para Humanos
- Editorial O Bahia Post

- 21 de fev.
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Atualizado: 21 de fev.
Vírus HKU5-CoV-2, encontrado em morcegos, teria capacidade de se espalhar para humanos da mesma forma como aconteceu durante a pandemia da Covid-19.

Uma equipe de pesquisadores chineses descobriu um novo coronavírus em morcegos na China, chamado HKU5-CoV-2, que tem chamado a atenção por sua capacidade de se ligar ao mesmo receptor humano utilizado pelo vírus da Covid-19. Liderado pela virologista Shi Zhengli, conhecida como "Mulher-Morcego" por seu trabalho com coronavírus de morcegos, o estudo levanta preocupações sobre o potencial de transmissão do vírus para humanos, embora o risco de uma pandemia seja considerado baixo no momento.
Em testes de laboratório, o HKU5-CoV-2 conseguiu infectar culturas de células humanas simulando tecidos dos sistemas respiratório e intestinal, sugerindo que ele pode entrar em células humanas. Isso é preocupante porque o SARS-CoV-2 usou o mesmo receptor ACE2 para se espalhar rapidamente entre humanos durante a pandemia de Covid-19. No entanto, os pesquisadores observaram que a eficiência do HKU5-CoV-2 em se ligar ao ACE2 é bem menor do que a do SARS-CoV-2, o que reduz seu potencial de causar um surto amplo.
"Embora o vírus consiga usar o receptor ACE2 humano, sua eficiência de ligação é significativamente menor que a do SARS-CoV-2, e o risco de uma pandemia não deve ser exagerado", afirmaram os autores do estudo. Eles pedem mais pesquisas para entender melhor o verdadeiro potencial de transmissão do vírus para humanos.
Além de infectar células humanas em laboratório, o HKU5-CoV-2 também pode se ligar ao receptor ACE2 de morcegos e outros animais, indicando que ele tem um alcance amplo de hospedeiros. Isso aumenta a possibilidade de o vírus saltar entre espécies, talvez por meio de um animal intermediário, antes de chegar aos humanos — um padrão visto em surtos anteriores como SARS e MERS. "Merbecovírus de morcegos representam um risco elevado de transbordamento para humanos, seja diretamente ou por hospedeiros intermediários", alertaram os pesquisadores.
Morcegos são reservatórios naturais de diversos coronavírus, incluindo aqueles que causaram a SARS em 2002-2003, a MERS em 2012 e, acredita-se, a Covid-19. A descoberta do HKU5-CoV-2 reforça a importância de monitorar esses animais, especialmente em áreas onde há contato próximo entre humanos e vida selvagem, como mercados de animais vivos.
Shi Zhengli, que lidera o estudo, é uma figura central na pesquisa de coronavírus. Seu trabalho no Instituto de Virologia de Wuhan já identificou vários vírus com potencial zoonótico, mas também a colocou no centro de controvérsias. Alguns sugerem que a Covid-19 pode ter vazado de seu laboratório, uma teoria que ela nega e que não é apoiada pelo consenso científico, que favorece um transbordamento natural.
Até agora, não há registros de infecções por HKU5-CoV-2 em humanos, e sua capacidade de causar doenças em pessoas ainda é desconhecida. Diferente da Covid-19, que se espalhou rapidamente pelo mundo, o risco atual deste vírus é visto como baixo. Ainda assim, a descoberta chega em um momento delicado, enquanto o mundo se recupera da pandemia de Covid-19, que matou milhões e afetou economias globais.
Organizações como a Organização Mundial da Saúde (OMS) devem acompanhar o caso de perto, e especialistas defendem uma abordagem de "Uma Saúde", que combine esforços para monitorar a saúde humana, animal e ambiental. Isso inclui vigilância de doenças em animais selvagens e melhorias na biossegurança para evitar novos surtos.
A descoberta do HKU5-CoV-2 é um lembrete de que os coronavírus continuam sendo uma ameaça zoonótica. Embora o risco imediato seja pequeno, a pesquisa contínua e a cooperação internacional são essenciais para prevenir que vírus como esse se tornem a próxima pandemia.
























