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Professores de Salvador Entram em Greve por Tempo Indeterminado

Categoria rejeita reajuste de 4% e cobra piso nacional do magistério.


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Salvador, 06/05/2025 – Os professores da rede municipal de ensino de Salvador decidiram, em assembleia realizada na manhã desta terça-feira, 06 de maio, na Praça Campo Grande, decretar greve por tempo indeterminado, paralisando as atividades em escolas públicas da capital baiana.


A decisão, anunciada pela APLB-Sindicato, que representa a categoria, foi motivada pela rejeição de uma proposta de reajuste salarial de 4%, oferecida pela Prefeitura de Salvador, dividida em duas parcelas de 2% em maio e 2% em outubro.


A categoria exige o cumprimento do piso nacional do magistério, melhores condições de trabalho, infraestrutura adequada nas escolas, respeito à saúde dos professores e garantias para a aposentadoria.


A mobilização, que ganhou atenção em plataformas digitais, reflete o descontentamento com a política salarial do prefeito Bruno Reis (União Brasil) e expõe os desafios crônicos da educação pública municipal, em um momento de alta pressão sobre o orçamento local.


A greve, aprovada na quinta-feira anterior, 30 de abril, durante assembleia preparatória, reflete uma insatisfação acumulada. Além do reajuste salarial, os professores cobram melhorias nas condições de trabalho, como a climatização de salas de aula, manutenção de escolas com problemas estruturais – como infiltrações e falta de ventilação – e a redução da sobrecarga de trabalho, que impacta a saúde mental da categoria.


A campanha também inclui demandas por respeito aos direitos previdenciários, já que mudanças na aposentadoria municipal têm gerado insegurança.


O O Bahia Post apurou que algumas escolas da rede municipal operam com até 50% de professores temporários, o que, segundo a APLB, compromete a qualidade do ensino e precariza a profissão.


A Prefeitura de Salvador, por meio de nota, informou que mantém diálogo aberto com a APLB e que a proposta de 4% reflete as limitações orçamentárias do município, que enfrenta aumento de despesas com pessoal e custeio.


A gestão Bruno Reis destacou que o salário inicial de um professor municipal com jornada de 20 horas é de R$ 3.048,76, valor 13,2% acima do piso nacional proporcional, e que mais de 60% dos 7.200 professores da rede recebem acima de R$ 5.000 mensais, incluindo gratificações.


A prefeitura também alega ter investido R$ 120 milhões em reformas de escolas desde 2023, com 45 unidades requalificadas, e promete climatizar 80% das salas até 2026. Apesar disso, a APLB contesta os números, afirmando que muitas escolas seguem em condições precárias, com relatos de goteiras e falta de materiais básicos.


O impacto da greve já é sentido na rede municipal, que atende cerca de 140 mil alunos em 438 escolas, segundo dados da Secretaria Municipal de Educação (SMED).


Na manhã desta terça-feira, diversas unidades suspenderam as aulas, enquanto outras operaram parcialmente com professores não aderentes ou contratados temporários. Pais de alunos, pegos de surpresa, expressaram preocupação com a interrupção do calendário escolar.


O cenário da educação em Salvador reflete um problema nacional. Em 2024, o Brasil registrou 23 greves de professores em redes municipais e estaduais, segundo o Observatório de Conflitos na Educação, com demandas recorrentes por salários e infraestrutura.


Em São Paulo, professores municipais entraram em greve em 15 de abril, exigindo 12,9% de reajuste, enquanto a rede estadual marcou paralisações para 09 de maio, conforme noticiado pelo Brasil de Fato.


No Pará, professores estaduais paralisaram desde 23 de janeiro, cobrando a revogação de uma lei que altera a carreira do magistério, segundo o G1. Essas mobilizações evidenciam a dificuldade de estados e municípios em cumprir o piso nacional, cuja atualização anual, atrelada ao crescimento do Fundeb, pressiona orçamentos locais.


A greve em Salvador também ocorre em um contexto político delicado. Com a proximidade das eleições municipais de 2026, a paralisação pode intensificar as críticas à gestão Bruno Reis, que enfrenta desgaste com outras categorias, como os rodoviários metropolitanos, que paralisaram em fevereiro, segundo o Correio.


A APLB, historicamente alinhada a movimentos de esquerda, tem elevado o tom contra a prefeitura, acusando-a de priorizar eventos festivos, como o Carnaval, em detrimento da educação. Em contrapartida, aliados de Reis defendem que os investimentos na rede municipal, como a entrega de tablets a alunos e a ampliação de creches, demonstram compromisso com o setor, conforme destacado em nota da SMED.


A APLB anunciou que manterá piquetes e atos públicos para pressionar a prefeitura, com uma nova assembleia marcada para a próxima sexta-feira, 09 de maio, na Praça do Campo Grande.


A categoria exige uma contraproposta que contemple o piso nacional e um plano de melhorias estruturais, além de garantias contra punições aos grevistas. A prefeitura, por sua vez, afirmou que recorrerá à Justiça caso a paralisação comprometa o ano letivo, citando uma liminar obtida em São Paulo que obrigou 70% dos professores a permanecerem em sala, sob pena de multa, conforme noticiado pelo Metrópoles.

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