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Tarifa dos EUA Sobre Aço e Alumínio pode Custar US$ 1,5 Bilhão ao Setor Brasileiro

Impacto no PIB deve ser mínimo, mas siderurgia enfrenta desafios, diz Ipea.


Reprodução
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Washington, 13 de março de 2025 – A recente imposição de uma tarifa de 25% pelos Estados Unidos sobre as importações de aço e alumínio, em vigor desde 12 de março, pode gerar uma perda de US$ 1,5 bilhão nas exportações do setor siderúrgico brasileiro em 2025. A estimativa é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que publicou um estudo detalhando os impactos da medida anunciada pelo governo de Donald Trump.


Apesar do prejuízo significativo para o setor, o Ipea avalia que o efeito sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil será pequeno, com uma retração projetada de apenas 0,01%, sugerindo que a economia como um todo não deve sofrer grandes abalos.


O Brasil, segundo maior fornecedor de aço para os EUA em 2024, atrás apenas do Canadá, exportou cerca de 4 milhões de toneladas do produto para o mercado americano no último ano, o equivalente a US$ 3 bilhões, segundo dados do Departamento de Comércio dos EUA. Do total de exportações brasileiras de ferro e aço, que alcançaram US$ 12,9 bilhões em 2024, os EUA responderam por 55,7%, consolidando-se como o principal destino.


Já no caso do alumínio, o Brasil é um fornecedor menor, representando cerca de 1% das importações americanas, com vendas de US$ 200 milhões em 2024. A tarifa de 25%, aplicada sem exceções ou isenções, deve reduzir em 11,27% o valor exportado desses produtos, resultando na perda estimada de US$ 1,5 bilhão – ou aproximadamente 1,6 milhão de toneladas em volume.


De acordo com o Ipea, a produção brasileira de aço deve cair 2,19% em 2025, o que equivale a cerca de 700 mil toneladas a menos em relação a 2024. As importações do país também devem recuar 1,09%, refletindo uma menor atividade econômica no setor. “Os Estados Unidos são um mercado essencial para o aço brasileiro, especialmente os produtos semiacabados, como placas e lingotes, que representam a maior parte das nossas vendas para lá”, explica Fernando Ribeiro, coordenador de Relações Econômicas Internacionais do Ipea e autor do estudo. Esses itens são usados como insumos pela indústria siderúrgica americana, o que torna a relação comercial entre os dois países complementar – um argumento que o Brasil planeja usar em negociações para tentar reverter a medida.


Apesar do impacto no setor de metais ferrosos, o Ipea destaca que a economia brasileira como um todo deve sentir pouco os efeitos da tarifa. A queda projetada de 0,01% no PIB e de 0,03% nas exportações totais indica que o peso da siderurgia no conjunto da economia é limitado – o setor responde por cerca de 2% do PIB nacional.


“Outros segmentos da economia não devem sofrer variações significativas na produção em função da tarifa, o que sugere um baixo impacto sistêmico”, afirma o estudo. Esse cenário é explicado pelo fato de que o mercado interno e outras exportações, como petróleo e commodities agrícolas, têm um peso muito maior na balança comercial e na formação do PIB brasileiro.


A tarifa, que entrou em vigor nesta quarta-feira, 12 de março, é parte de uma política protecionista de Trump para priorizar a indústria americana, conforme prometido em sua campanha. “Queremos que o aço e o alumínio sejam produzidos nos EUA, não em terras estrangeiras”, declarou o presidente em fevereiro, ao assinar o decreto que agora afeta países como Brasil, Canadá e México. Para o setor siderúrgico brasileiro, o desafio imediato será redirecionar as vendas para outros mercados ou absorver o excedente internamente, uma tarefa complexa diante da concorrência global liderada pela China – maior produtora de aço do mundo – e da desaceleração da demanda em setores como construção civil e automobilístico no Brasil.


O governo brasileiro reagiu com cautela, lamentando a decisão em nota conjunta dos Ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. “Consideramos injustificável e equivocada a imposição de barreiras unilaterais que afetam o comércio entre Brasil e EUA”, diz o comunicado, que enfatiza a intenção de negociar com os americanos para minimizar os prejuízos.


O Instituto Aço Brasil, que representa as siderúrgicas nacionais, também defende o diálogo, lembrando o acordo de 2018 que estabeleceu cotas de exportação isentas de tarifas – um modelo que poderia ser retomado. “Estamos confiantes na abertura de negociações para restabelecer o fluxo de produtos de aço nas bases acordadas anteriormente”, afirmou a entidade.


Empresas como Gerdau, Usiminas e CSN, grandes nomes da siderurgia brasileira, devem sentir impactos distintos. A Gerdau, com operações nos EUA que respondem por 40% de sua geração de caixa, pode mitigar perdas graças à sua presença local, enquanto Usiminas e CSN, mais dependentes do mercado interno, podem enfrentar pressão com o aumento da oferta doméstica e a consequente queda nos preços. Para o alumínio, o impacto é menos expressivo, já que o Canadá, principal destino das exportações brasileiras do metal (28% em 2023), não foi afetado diretamente pela medida americana.


O Ipea sugere que a melhor saída para o Brasil é a negociação, aproveitando o superávit comercial com os EUA e a complementaridade do setor siderúrgico bilateral – o Brasil é o terceiro maior importador de carvão siderúrgico americano, com US$ 1,2 bilhão em 2024.


Caso as conversas falhem, o governo estuda medidas de reciprocidade, como taxar produtos americanos, mas mantém a cautela para evitar escaladas que prejudiquem outros setores, como agricultura e energia, dependentes de insumos dos EUA. Por ora, a tarifa de 25% impõe um custo imediato de US$ 1,5 bilhão ao aço e alumínio brasileiros, mas o impacto no PIB permanece, segundo o Ipea, quase imperceptível.

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