Estudantes da UnB Queimam Bandeiras de Israel e EUA em Protesto: Veja o Vídeo
- Editorial O Bahia Post

- 25 de mar.
- 5 min de leitura
Manifestação expõe tensões e denúncias de censura na Universidade de Brasília contra alunos de direita.

Brasília, 25 de março de 2025 – A Universidade de Brasília (UnB) tornou-se palco de tumulto nesta segunda-feira, 24 de março, quando estudantes incendiaram bandeiras dos Estados Unidos e de Israel durante uma manifestação no campus Darcy Ribeiro, na capital federal.
O ato, liderado por grupos identificados com a esquerda, gerou reações intensas, com acusações de antissemitismo, xenofobia e antiamericanismo, enquanto relatos de censura contra um aluno de direita amplificaram o clima de polarização.
O protesto expôs divisões políticas profundas na universidade, uma das mais prestigiadas do Brasil, em meio a um contexto global de tensões geopolíticas.
A queima das bandeiras ocorreu no início da noite de segunda-feira, em frente ao prédio da reitoria, onde dezenas de estudantes se reuniram com faixas e cartazes.
Vídeos amplamente compartilhados nas redes sociais mostram as bandeiras sendo queimadas enquanto participantes entoavam palavras de ordem contra as políticas americanas e israelenses, em um gesto interpretado como apoio à causa palestina.
No mesmo dia, um caso separado intensificou as críticas à UnB. Um estudante, identificado como apoiador de ideias de direita, relatou ter sido censurado por colegas e professores durante uma discussão em sala de aula sobre políticas internacionais.
Segundo postagens nas redes sociais, ele foi impedido de expressar sua visão favorável às relações Brasil-EUA e à aliança com Israel, o que levou a denúncias de repressão ideológica no ambiente acadêmico. A universidade não confirmou oficialmente o incidente, mas o episódio alimentou acusações de que a UnB estaria dominada por grupos de esquerda, enquanto vozes conservadoras enfrentam restrições.
A UnB, fundada em 1962 e conhecida por sua tradição de ativismo político, já foi palco de protestos históricos, como os da resistência à ditadura militar.
Nos últimos anos, porém, o campus tem refletido a crescente polarização do Brasil, com embates entre estudantes de direita e esquerda tornando-se mais frequentes.
A queima das bandeiras dos EUA e de Israel não é um ato isolado: em 2024, manifestações semelhantes ocorreram em outras universidades brasileiras, como a USP e a UFRJ, geralmente ligadas a críticas às políticas externas americanas e ao apoio de Washington a Israel no conflito com a Palestina.
Autoridades da UnB informaram que estão investigando o protesto e que medidas disciplinares podem ser tomadas contra os envolvidos na queima das bandeiras, classificada como potencial infração ao regimento interno da instituição.
Um comunicado oficial da reitoria afirmou que a universidade “repudia atos de intolerância e violência” e garantirá um ambiente de diálogo plural. No entanto, a resposta foi criticada por alguns como insuficiente, com figuras públicas e parlamentares de direita exigindo ações mais duras contra o que chamam de “baderna” e “doutrinação ideológica”.
O ato de incendiar bandeiras gerou reações diversas. Para os manifestantes, tratava-se de uma crítica legítima às políticas de Trump, que prometeu sanções contra países e grupos vistos como adversários, e à condução de Israel na guerra em Gaza, que deixou milhares de mortos desde 2023, segundo dados de agências internacionais.
Um estudante presente, que não se identificou, declarou em vídeo nas redes sociais que o gesto simbolizava resistência ao “imperialismo americano” e ao “sionismo”. Por outro lado, críticos classificaram a ação como antissemita, xenófoba e antiamericana, argumentando que queimar bandeiras ultrapassa a liberdade de expressão e incita ódio contra judeus e cidadãos dos EUA.
A denúncia de antissemitismo ganhou força devido ao contexto global. Desde o início do conflito Israel-Hamas, incidentes de intolerância contra judeus aumentaram em várias partes do mundo, incluindo o Brasil, onde comunidades judaicas reportaram casos de vandalismo e ameaças.
A Confederação Israelita do Brasil (Conib) emitiu uma nota condenando o ato na UnB, afirmando que “queimar a bandeira de Israel é um ataque simbólico ao povo judeu e à sua existência como nação”. A entidade pediu às autoridades que investiguem o caso como possível crime de incitação ao ódio, previsto na legislação brasileira.
O componente antiamericano também foi destacado por observadores. A queima da bandeira dos EUA ocorre semanas após Trump, em sua campanha, ameaçar retaliações econômicas contra países que desafiem os interesses americanos.
No Brasil, onde o ex-presidente Jair Bolsonaro mantém laços com o republicano, a ação foi vista por seus apoiadores como um desrespeito às relações bilaterais.
Parlamentares alinhados à direita, como o deputado federal Chrisóstomo (PL), usaram as redes sociais para criticar a UnB, chamando os estudantes de “extremistas de esquerda” e pedindo intervenção federal nas universidades públicas.
O caso do aluno censurado por ser de direita adiciona outra camada ao conflito. Segundo relatos nas redes sociais, o estudante teria sido interrompido e ridicularizado ao defender a política externa americana e o direito de Israel à autodefesa.
Um vídeo, cuja autenticidade não foi confirmada, mostra uma discussão acalorada em sala de aula, com gritos e acusações mútuas. A UnB não se pronunciou especificamente sobre o incidente, mas professores ouvidos informalmente negaram que haja censura sistemática, afirmando que o ambiente acadêmico reflete debates naturais em uma democracia.
A polarização na UnB reflete um fenômeno mais amplo nas universidades brasileiras. Desde as eleições de 2018, que elegeram Bolsonaro, campi como o da UnB têm sido palco de tensões entre grupos de esquerda, historicamente dominantes no meio acadêmico, e uma crescente presença de estudantes conservadores.
A ascensão de movimentos de direita no Brasil, inspirados em parte por figuras como Trump, chocou-se com a tradição de ativismo progressista, resultando em confrontos simbólicos e, por vezes, físicos. Em 2023, a UnB já havia enfrentado polêmica quando um evento de direita foi cancelado por pressão de grupos estudantis, gerando acusações de intolerância.
O protesto de segunda-feira também ocorre em um momento delicado para o governo brasileiro. Sob a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, o país busca equilibrar sua política externa entre críticas a Israel no conflito palestino e a manutenção de laços econômicos com os EUA.
A queima das bandeiras na UnB pode complicar essa postura, especialmente se Trump, ao assumir, interpretar o ato como hostilidade oficial. O Itamaraty ainda não se manifestou sobre o incidente, mas fontes diplomáticas indicam que o governo acompanha a situação para evitar reflexos nas relações internacionais.
A reação nas redes sociais foi imediata, com hashtags como “UnB em Chamas” e “Censura na UnB” circulando amplamente. Enquanto apoiadores do protesto defenderam a liberdade de expressão dos manifestantes, críticos pediram punições severas, incluindo a expulsão dos envolvidos.
A polícia do Distrito Federal informou que monitorou o ato, mas não houve prisões, já que o incêndio ocorreu em propriedade pública sem danos materiais além das bandeiras.
Para a UnB, o episódio representa um desafio à sua imagem como espaço de debate plural. A reitoria prometeu uma investigação interna e um relatório preliminar até o fim da semana, mas a pressão de ambos os lados – esquerda e direita – sugere que a resolução será complexa.
O caso também reacende o debate sobre o papel das universidades públicas no Brasil, frequentemente acusadas por conservadores de servirem como centros de “doutrinação esquerdista”, enquanto progressistas as veem como bastiões da liberdade intelectual.
O desdobramento do protesto e da denúncia de censura ainda é incerto. A UnB, que já enfrentou crises de financiamento e greves nos últimos anos, agora lida com uma controvérsia que pode atrair atenção nacional e internacional.
Enquanto estudantes planejam novos atos nos próximos dias, a universidade permanece no centro de uma disputa ideológica que reflete as fraturas de um país e de um mundo cada vez mais divididos.
























