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Nvidia Planeja Fábricas de Chips de IA em Arizona e Texas

Investimento de US$ 500 bi visa fortalecer cadeia de suprimentos e criar empregos.


Nvidia | Reprodução
Nvidia | Reprodução

Salvador, 14/04/2025 – A Nvidia, empresa líder global em inteligência artificial (IA), anunciou na última semana, em 07 de abril, um plano de grande escala para construir fábricas nos Estados Unidos destinadas à produção de chips e supercomputadores voltados para IA.


Com um investimento projetado de até US$ 500 bilhões nos próximos quatro anos, a iniciativa prevê instalações em Phoenix, Arizona, para fabricar os chips Blackwell, e em Houston e Dallas, Texas, para montar supercomputadores, marcando a primeira vez que a empresa produzirá integralmente esses sistemas em solo americano.


O anúncio, amplamente comentado em redes sociais, reflete a aposta da Nvidia em fortalecer a manufatura local em meio a desafios globais na cadeia de suprimentos e pressões comerciais internacionais.


A produção dos chips Blackwell já começou em fábricas da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) em Phoenix, Arizona, onde a TSMC opera sua unidade Fab 21, segundo informações divulgadas pela própria Nvidia.


As instalações para supercomputadores, por sua vez, estão sendo planejadas em Houston, com a Foxconn, e em Dallas, com a Wistron, com início da produção em massa esperado para os próximos 12 a 15 meses.


A embalagem e os testes dos chips serão realizados por empresas como Amkor e SPIL, também em Phoenix, consolidando a região como um polo central do projeto. Jensen Huang, presidente da Nvidia, destacou que as fábricas atenderão à “demanda sem precedentes por infraestrutura de IA”, além de criarem “centenas de milhares de empregos” e reforçarem a segurança econômica dos EUA ao longo das próximas décadas.


O projeto está alinhado às políticas do governo americano, que, sob a administração do presidente Donald Trump, tem priorizado a manufatura doméstica de semicondutores.


A Casa Branca classificou o investimento como um exemplo de suas iniciativas para revitalizar a indústria local, apontando a geração de empregos e a redução da dependência de fornecedores asiáticos.


Em março, Huang já havia sinalizado ao Financial Times que a Nvidia planejava investir “centenas de bilhões” em chips e eletrônicos produzidos nos EUA, uma resposta às ameaças de tarifas sobre importações e às incertezas geopolíticas envolvendo Taiwan, que enfrenta tensões com a China e vulnerabilidades a desastres naturais, como terremotos recentes.


As fábricas em Phoenix, Arizona, aproveitam a infraestrutura da TSMC, que anunciou um investimento de US$ 165 bilhões para expandir suas operações no estado, incluindo US$ 100 bilhões adicionais confirmados este ano.


A escolha de Houston e Dallas, no Texas, reflete a disponibilidade de espaço industrial e incentivos fiscais locais, além da proximidade com centros tecnológicos emergentes.


A Foxconn, em Houston, planeja uma planta focada em sistemas de alta complexidade, enquanto a Wistron, em Dallas, concentrará esforços em montagem de supercomputadores, descritos pela Nvidia como “fábricas de IA” voltadas exclusivamente para processar inteligência artificial.


A iniciativa ocorre em um contexto de crescente rivalidade comercial global. Na semana passada, os EUA impuseram tarifas de 50% sobre produtos chineses, enquanto Pequim retaliou com restrições à exportação de terras raras, materiais essenciais para semicondutores.


Essa troca de sanções expõe a fragilidade das cadeias de suprimentos globais, que dependem fortemente da Ásia – Taiwan responde por cerca de 90% da produção atual de chips da Nvidia, segundo estimativas da Bloomberg. Ao investir em Phoenix, Houston e Dallas, a Nvidia busca mitigar esses riscos, garantindo maior controle sobre sua produção e reduzindo vulnerabilidades externas.


Fundada em 1993 por Jensen Huang, Chris Malachowsky e Curtis Priem, a Nvidia evoluiu de uma empresa de processadores gráficos para jogos (GPUs) para uma potência no mercado de IA.


O sucesso do ChatGPT, lançado pela OpenAI em 2022 e treinado em um supercomputador com 10 mil GPUs da Nvidia, consolidou sua relevância. Em 2024, a empresa atingiu uma valuation de quase US$ 3 trilhões, superando gigantes como a Apple, impulsionada por chips como o H100 e o novo Blackwell, que dominam o mercado de data centers.


A escolha de fabricar em solo americano é vista como uma forma de manter essa liderança diante da demanda crescente por IA.


Os desafios, no entanto, são consideráveis. A escassez de mão de obra qualificada é uma preocupação central: a Semiconductor Industry Association projeta que, até 2030, cerca de 67 mil dos 115 mil empregos esperados no setor podem não ser preenchidos devido à falta de técnicos e engenheiros formados.


A dependência de terras raras chinesas também persiste, mesmo com a produção nos EUA, já que Pequim controla grande parte do fornecimento global. Além disso, os EUA ainda não dominam completamente processos avançados de embalagem, como o CoWoS, exigindo que alguns chips sejam enviados de volta a Taiwan para finalização, conforme noticiado pela Reuters.


Em redes sociais, o anúncio gerou reações positivas entre analistas e entusiastas de tecnologia, que destacam o potencial econômico das fábricas em Arizona e Texas, mas também preocupações com os custos ambientais.


Um relatório da Universidade de Stanford, de 2024, estima que data centers de IA podem consumir até 7% da eletricidade global até 2030, levando a Nvidia a prometer investimentos em eficiência energética para suas instalações em Phoenix, Houston e Dallas.


A empresa planeja usar tecnologias próprias, como a plataforma Omniverse para criar gêmeos digitais das fábricas e o robô Isaac GR00T para automatizar processos, visando reduzir o impacto ambiental.


A Nvidia projeta que, em quatro anos, até metade de sua infraestrutura global de IA será produzida nos EUA, um salto significativo em relação à dependência atual de Taiwan.


Parcerias com a Oracle e a OpenAI, incluindo o projeto Stargate para data centers no Texas, reforçam essa ambição, com investimentos iniciais que podem alcançar US$ 100 bilhões. Huang descreveu os supercomputadores como o “motor de uma nova revolução industrial”, com aplicações que vão desde diagnósticos médicos até veículos autônomos.


A concorrência no setor está em alta. A AMD, com seu chip MI325X, e o Google, com o TPU Ironwood, buscam desafiar a Nvidia, enquanto a Cerebras aposta em chips de escala wafer para reduzir custos.


Mesmo assim, a Nvidia mantém uma fatia de 80% do mercado de GPUs para data centers, segundo a Forbes, e o investimento em Phoenix, Houston e Dallas pode solidificar essa vantagem.


As políticas protecionistas de Trump, que incluem ameaças de tarifas de até 100% para empresas que não produzam localmente, também pressionam rivais a seguirem o mesmo caminho.


A criação de empregos é um dos pontos centrais do projeto. A TSMC e a Nvidia estimam que as fábricas em Arizona e Texas gerarão entre 20 mil e 25 mil vagas diretas, com impacto econômico significativo em Phoenix, uma cidade em crescimento no setor tecnológico, e nas regiões industriais de Houston e Dallas.


A escolha dessas cidades reflete não apenas incentivos fiscais, mas também a infraestrutura elétrica robusta necessária para operar as chamadas “gigawatt AI factories”, que consomem energia em larga escala.


A transição para a produção americana é um marco estratégico para a Nvidia, mas sua execução enfrenta barreiras técnicas e políticas.


Garantir mão de obra qualificada, acessar materiais estratégicos e reduzir o impacto ambiental serão desafios contínuos. Ainda assim, o anúncio reforça a posição da empresa como protagonista na corrida pela IA, sinalizando uma mudança no equilíbrio global da manufatura de tecnologia.

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