Governo de Javier Milei Proíbe Cirurgias e Tratamentos de Mudança de Sexo para Menores de 18 Anos
- Editorial O Bahia Post
- 20 de fev.
- 4 min de leitura
Medida gera polêmica e divide opiniões, com o governo justificando a decisão como uma proteção à saúde mental e física das crianças.

O governo argentino, sob a liderança do presidente Javier Milei, anunciou em 5 de fevereiro de 2025 a proibição de cirurgias e tratamentos hormonais para mudança de sexo em menores de 18 anos. A decisão, que altera a Lei de Identidade de Gênero sancionada em 2012, gerou uma onda de reações tanto favoráveis quanto contrárias, refletindo as divisões sociais e políticas em torno do tema da identidade de gênero na Argentina.
A decisão do governo Milei tem como base a argumentação de que intervenções médicas em crianças e adolescentes podem trazer riscos significativos à saúde física e mental. O porta-voz presidencial, Manuel Adorni, afirmou que essas intervenções representam um sério risco, pois podem interromper o processo natural de amadurecimento dos jovens. Ele destacou que muitos países que anteriormente adotaram políticas liberais sobre o tema estão reavaliando suas abordagens e restringindo o acesso a esses procedimentos para menores.
Adorni mencionou exemplos de países como Reino Unido, Suécia e Finlândia, que estão voltando atrás em suas políticas sobre tratamentos hormonais e cirurgias para jovens. Essa comparação foi utilizada pelo governo argentino para justificar sua posição conservadora e reforçar a ideia de que a proteção das crianças deve ser a prioridade.
A proibição imediatamente gerou reações polarizadas na sociedade argentina. Grupos defensores dos direitos LGBTQ+ expressaram indignação com a medida, considerando-a um retrocesso nos direitos civis. A Federação LGBT+ da Argentina prometeu recorrer à Justiça, afirmando que a legislação já existente já impõe restrições suficientes aos procedimentos cirúrgicos em menores.
Por outro lado, grupos conservadores e defensores da família celebraram a decisão como uma vitória na luta pela proteção das crianças. Eles argumentam que é fundamental garantir que os jovens não sejam submetidos a decisões irreversíveis sem a maturidade necessária para compreendê-las plenamente.
Um dos pontos centrais no debate sobre a proibição é a questão da saúde mental dos jovens trans. Estudos indicam que o acesso a tratamentos adequados pode reduzir significativamente os níveis de depressão e ansiedade entre adolescentes trans. No entanto, críticos da nova política afirmam que as intervenções médicas não garantem uma melhora na saúde mental e podem até exacerbar problemas psicológicos existentes.
Os defensores da proibição argumentam que as crianças não têm capacidade cognitiva suficiente para tomar decisões sobre procedimentos irreversíveis que podem afetar suas vidas para sempre. Essa perspectiva reflete uma visão mais conservadora sobre o papel do Estado na proteção dos jovens e na definição do que é considerado apropriado em termos de cuidados médicos.
A mudança na legislação também levanta questões sobre os direitos legais dos menores e o papel dos responsáveis legais nas decisões relacionadas à saúde. A lei anterior permitia que menores se submetessem a tratamentos hormonais com autorização dos pais ou com a aprovação judicial. Com a nova proibição, essas opções foram eliminadas, levantando preocupações sobre como isso afetará as vidas daqueles que já estavam em tratamento ou planejavam iniciar um.
Além disso, a decisão pode abrir precedentes legais para outras mudanças nas políticas relacionadas aos direitos LGBTQ+ na Argentina. A possibilidade de novas restrições pode ser um sinal do movimento conservador crescente no país, especialmente sob uma administração que se identifica claramente com ideais libertários.
A cobertura midiática da decisão também desempenha um papel importante na formação da opinião pública. Enquanto alguns veículos abordam o tema com sensibilidade e foco nas vozes das comunidades afetadas, outros perpetuam estigmas e preconceitos relacionados à identidade de gênero.
A forma como a mídia apresenta essas questões pode influenciar diretamente as percepções sociais sobre as pessoas trans e não-binárias. Portanto, é essencial que jornalistas adotem uma abordagem responsável ao cobrir assuntos relacionados à saúde e aos direitos humanos.
Com as recentes mudanças nas políticas governamentais sob Javier Milei, o futuro dos direitos LGBTQ+ na Argentina permanece ainda estável. As organizações civis estão se mobilizando para resistir às novas restrições e garantir que os direitos adquiridos não sejam revertidos.
A luta pela igualdade continua sendo uma prioridade para muitos argentinos, especialmente à luz das recentes decisões políticas. As vozes da comunidade LGBTQ+ estão se unindo para exigir respeito à diversidade e ao direito à saúde.
A proibição das cirurgias e tratamentos de mudança de sexo para menores imposta pelo governo Javier Milei representa um momento crucial no debate sobre os direitos civis na Argentina. Enquanto o país enfrenta desafios relacionados à identidade de gênero e aos direitos humanos, é fundamental que as vozes da comunidade LGBTQ+ sejam ouvidas e respeitadas, assim como as vozes de comunidades conservadoras.
As consequências dessa decisão podem ser profundas não apenas para os jovens afetados diretamente por ela, mas também para toda a sociedade argentina, com percepções benéficas ou não. O acesso à saúde deve ser garantido como um direito humano fundamental, independentemente da identidade de gênero ou orientação sexual.
À medida que o país enfrenta esses desafios, a luta pela igualdade e pelos direitos humanos permanece mais relevante do que nunca. O futuro dos direitos LGBTQ+ na Argentina dependerá da capacidade da sociedade civil em mobilizar-se a favor de pontos de equilíbrios e garantir um ambiente seguro e acolhedor para todos, .