Moraes Enfrenta Ação Judicial nos EUA: Trump Media e Rumble Acusam Ministro de Censura
- Editorial O Bahia Post
- 19 de fev.
- 3 min de leitura
Ação judicial alega violação da soberania americana e da Primeira Emenda ao determinar a suspensão de contas de influenciadores de direita.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tornou-se alvo de uma ação judicial nos Estados Unidos, movida pela Trump Media & Technology Group, empresa ligada ao ex-presidente Donald Trump, e pela plataforma de vídeos Rumble. A ação, que tramita em um tribunal federal na Flórida, alega que Moraes violou a soberania americana ao ordenar a remoção de contas de influenciadores de direita, incluindo o blogueiro Allan dos Santos, da plataforma Rumble.
A ação foi revelada por diversos veículos de comunicação, incluindo o The New York Times e a Folha de S.Paulo. Segundo os autores da ação, as decisões do ministro brasileiro infringem a Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, que protege a liberdade de expressão. Os advogados argumentam que as ordens emitidas por Moraes para que o Rumble suspendesse as contas de Allan dos Santos e outros influenciadores são ilegais e não têm validade fora do Brasil.
Allan dos Santos é um conhecido blogueiro e influenciador digital que está sendo investigado pelo STF por disseminação de desinformação e ofensas a ministros da Corte. Ele se encontra nos Estados Unidos e é considerado foragido pela Justiça brasileira, que emitiu um mandado de prisão preventiva contra ele. O governo americano já negou um pedido de extradição feito pelo Brasil, argumentando que os atos pelos quais Santos é acusado não são considerados crimes nos EUA.
Chris Pavlovski, CEO da Rumble, criticou as ações de Moraes, afirmando que o ministro está tentando contornar o sistema legal americano. "Moraes agora está tentando contornar completamente o sistema legal americano, utilizando ordens sigilosas de censura para pressionar redes sociais americanas a banir o dissidente político em nível global", disse Pavlovski em declarações à imprensa.
A plataforma Rumble se autodenomina "imune à cultura do cancelamento" e tem se tornado um espaço para criadores de conteúdo que foram banidos ou censurados em outras redes sociais. Desde sua criação, a Rumble tem atraído influenciadores conservadores e bolsonaristas que buscam uma alternativa às plataformas tradicionais como YouTube e Facebook.
A ação judicial contra Moraes levanta questões importantes sobre a jurisdição das decisões judiciais brasileiras em relação a empresas americanas. A alegação de violação da soberania americana pode criar um precedente perigoso para futuras interações entre os sistemas legais dos dois países. Além disso, a situação destaca as tensões entre liberdade de expressão e moderação de conteúdo nas redes sociais.
O caso também pode ter repercussões políticas significativas no Brasil. A crescente polarização política no país tem gerado debates acalorados sobre liberdade de expressão e os limites da atuação do Judiciário em relação às plataformas digitais. A ação contra Moraes pode ser vista como parte dessa luta maior entre diferentes ideologias políticas.
O STF tem sido alvo de críticas por suas decisões relacionadas à liberdade de expressão e à moderação de conteúdo nas redes sociais. Nos últimos anos, o tribunal tem tomado medidas rigorosas contra a disseminação de desinformação e discursos considerados prejudiciais à democracia. No entanto, essas ações têm gerado preocupações sobre possíveis abusos de poder e censura.
O ministro Alexandre de Moraes é uma figura central nesse debate, tendo sido responsável por diversas decisões polêmicas relacionadas ao controle das redes sociais. Sua atuação tem sido elogiada por alguns setores como necessária para proteger a democracia, enquanto outros o acusam de cercear a liberdade de expressão.
A Trump Media & Technology Group está buscando expandir sua presença no mercado digital com sua plataforma Truth Social. A empresa depende da Rumble para serviços essenciais, como armazenamento em nuvem. Qualquer restrição às operações da Rumble no Brasil pode impactar diretamente os negócios da Trump Media.
A disputa legal entre as empresas ligadas a Trump e o governo brasileiro pode afetar não apenas as operações dessas plataformas, mas também o cenário político mais amplo. Com as eleições presidenciais se aproximando tanto no Brasil quanto nos EUA, questões sobre liberdade de expressão e censura estarão no centro do debate público.
A ação judicial movida contra Alexandre de Moraes representa uma nova fase nas tensões entre Brasil e Estados Unidos em relação à liberdade de expressão e à moderação nas redes sociais. À medida que o caso avança nos tribunais americanos, será crucial observar como isso afetará não apenas as empresas envolvidas, mas também o clima político em ambos os países.
A situação destaca a necessidade urgente de um diálogo mais profundo sobre os limites da liberdade de expressão na era digital e sobre como as jurisdições legais interagem em um mundo cada vez mais globalizado. O desfecho dessa ação poderá ter implicações duradouras para as relações entre os dois países e para a forma como as plataformas digitais operam em um ambiente complexo e polarizado.