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Apagão na Europa Paralisa Compras em Supermercados por Falta de Dinheiro

Sem energia, máquinas de cartão falham e lojas aceitam só dinheiro vivo.


Pessoas fazendo compras em meio a queda de energia.
Pessoas fazendo compras em meio a queda de energia.

Portugal, 28/04/2025 – Um apagão generalizado que atingiu diversos países da Europa na manhã desta segunda-feira, 28 de abril, por volta das 7h30 no horário de Brasília, desencadeou uma crise em supermercados, onde a falta de energia elétrica tornou as máquinas de cartão inoperantes, forçando estabelecimentos a aceitarem apenas dinheiro vivo como forma de pagamento.


A situação, relatada em países como Portugal, Espanha, França, Bélgica, Alemanha, Polônia e Finlândia, deixou muitas pessoas sem condições de comprar alimentos e itens essenciais, já que o uso de cartões de débito e crédito, bem como pagamentos digitais, foi amplamente comprometido. Embora a normalização da energia esteja em andamento, a dependência de pagamentos eletrônicos revelou vulnerabilidades em uma região onde o dinheiro em espécie é cada vez menos utilizado.


O apagão, descrito como um dos mais severos em décadas, afetou dezenas de localidades de norte a sul da Europa, interrompendo serviços essenciais, como transporte público, comunicações e operações comerciais. Em Portugal, a Rede Elétrica Nacional (REN) informou que oscilações anômalas nas linhas de alta tensão, possivelmente desencadeadas por variações extremas de temperatura no interior da Espanha, contribuíram para o colapso da rede elétrica.


A empresa destacou que a complexidade do fenômeno e a necessidade de reequilibrar os fluxos de eletricidade internacionalmente podem atrasar a normalização completa por até uma semana. O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, descartou a hipótese de um ataque cibernético, mas a ausência de uma causa definitiva alimentou especulações em redes sociais, onde usuários mencionaram desde falhas técnicas até supostos incêndios na França como possíveis gatilhos.


A crise nos supermercados tornou-se um dos impactos mais imediatos e visíveis do apagão. Postagens em redes sociais, verificadas até 28/04/2025, relatam que lojas em cidades como Lisboa, Madri e Barcelona enfrentaram longas filas e estoques reduzidos, com muitos consumidores impossibilitados de pagar por falta de dinheiro em espécie.


Um usuário no X destacou que, na Espanha, supermercados lotados operavam apenas com caixas manuais, exigindo pagamento em euros, o que deixou pessoas dependentes de cartões ou aplicativos digitais sem acesso a produtos básicos.


Outro relato apontou que a rede Mercadona, na Espanha, conseguiu manter algumas lojas abertas graças a geradores próprios, tornando-se uma exceção em meio ao caos. Essas postagens, embora inconclusivas, refletem a gravidade da situação e a frustração de consumidores pegos desprevenidos.


A transição para uma sociedade “cashless” (sem dinheiro) na Europa, intensificada desde a pandemia de Covid-19, agravou o problema. Um artigo publicado pelo Euro Dicas em 2022 já alertava que muitos estabelecimentos europeus, especialmente em países como Suécia, Países Baixos e Reino Unido, não aceitam mais dinheiro em espécie, favorecendo cartões, QR codes e carteiras digitais como Apple Pay e Google Pay. Em 2019, apenas 1% do PIB da Suécia circulava em notas e moedas, segundo o Banco Central sueco, e tendências semelhantes foram observadas em outras nações.


No entanto, durante o apagão, a dependência de sistemas eletrônicos revelou-se uma fraqueza, já que caixas automáticos e terminais de pagamento ficaram inoperantes, e muitos consumidores não carregavam euros ou outras moedas locais.


Em Portugal, a situação foi particularmente crítica. Um relato publicado pelo Valor Investe descreveu longas filas em caixas automáticos em Lisboa, onde pessoas tentavam sacar dinheiro para realizar compras. No entanto, a falha na rede elétrica limitou o funcionamento desses equipamentos, e muitos estabelecimentos, incluindo supermercados, passaram a aceitar apenas dinheiro vivo.


Em cidades como Porto e Faro, a situação foi parcialmente controlada, mas a capital enfrentou cenas de desespero, com portas de lojas fechadas e consumidores abandonando carrinhos de compras. Na Espanha, a rede Mercadona foi elogiada por manter operações com geradores, mas outras cadeias, como Carrefour e Lidl, enfrentaram paralisações, com caixas de autoatendimento desativadas e filas se acumulando nas poucas caixas manuais disponíveis.


A falta de energia também impactou outros setores. Em Lisboa, o aeroporto internacional foi fechado temporariamente, com geradores insuficientes para manter operações normais, e voos foram cancelados em Portugal e Espanha. O metrô de cidades como Madri e Barcelona parou, forçando moradores a caminharem ou buscarem alternativas.


A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou que está colaborando com o governo português para restaurar o sistema elétrico, mas a ausência de prazos concretos aumentou a incerteza. A REN priorizou o restabelecimento de energia para hospitais, transportes e forças de segurança, mas a normalização para comércios e residências segue incerta, especialmente na Grande Lisboa, onde a recuperação pode demorar mais.


A crise expôs os riscos de uma economia altamente digitalizada. Um artigo do Melhores Destinos de 2022 relatava que, em Londres, até vendedores ambulantes já recusavam dinheiro, exigindo pagamentos por aproximação ou QR codes.


Durante o apagão, essa tendência se voltou contra os consumidores, especialmente em áreas urbanas onde o uso de dinheiro é mínimo. A Wise, plataforma de transferências internacionais, recomenda que viajantes levem pequenas quantias em espécie para emergências, como táxis ou mercados, mas a maioria dos europeus, habituados a carteiras digitais, não seguiu essa prática. Um usuário no X destacou a ironia de ter dinheiro digital inacessível, sugerindo que a crise reforça a importância de manter euros em mãos.


Os impactos sociais do apagão também são significativos. Na Espanha, relatos indicaram que escolas enfrentaram dificuldades para liberar alunos, já que os pais não conseguiam se comunicar devido a falhas na internet e telefonia. Em Madri, uma moradora entrevistada pelo Terra descreveu o caos nos supermercados, onde ela estava no meio de uma compra quando a energia caiu, forçando-a a abandonar os itens por falta de dinheiro vivo. A situação gerou preocupação com a segurança alimentar, especialmente para famílias de baixa renda que dependem de compras diárias e não dispõem de reservas em espécie.


A resposta das autoridades tem sido cautelosa. A REN informou que, às 17h de segunda-feira, a energia foi parcialmente restabelecida em zonas de Santarém e Porto, mas a Grande Lisboa e outras regiões continuam afetadas. Na Espanha, o governo investiga a causa do apagão, mas não confirmou as alegações portuguesas sobre variações de temperatura. A complexidade da rede elétrica europeia, altamente interconectada, dificulta a identificação do problema, já que uma falha em um país pode desencadear um efeito dominó. Um relatório da SIC Notícias mencionou que subestações no Grande Porto começaram a operar, mas a normalização total permanece incerta.


O apagão também reacendeu discussões sobre resiliência energética. Um artigo da Your Europe de 2023 destacou que a União Europeia tem investido em redes elétricas inteligentes, mas a dependência de sistemas interconectados aumenta a vulnerabilidade a falhas em cascata. A crise atual pode pressionar governos a diversificarem fontes de energia e fortalecerem infraestruturas locais, como geradores de emergência em comércios. Para os consumidores, a lição é clara: em uma era de digitalização, o dinheiro em espécie ainda tem valor em momentos de crise.


A crise, que transformou supermercados em símbolos de uma economia paralisada, destaca a fragilidade de sistemas dependentes de energia e a necessidade de soluções que combinem inovação digital com precauções tradicionais.

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